Uma experiência gastronômica que provocou sorrisos e suspiros de satisfação durante o almoço. Esse é o resumo do que vi no Gastronômade – que aconteceu na vinícola Salton, em Bento Gonçalves, no último domingo.
Antes, preciso explicar do que se trata o Gastronômade: é um evento com os melhores chefs locais, que usam insumos produzidos na região e que criam um almoço que é um verdadeiro banquete harmonizado – que se estende por horas e horas e horas.
O conceito chegou ao Brasil através da Renata Runge, que quis trazer ao país o projeto do chef norteamericano Jim Denevan – Outstanding in the Fields. Quem nos recebeu foi a Carla Leidens, braço direito da Renata (pelas palavras da própria) aqui no Rio Grande do Sul (a Carla aparece na foto ali em cima, à direita, em preto e branco).
O valor não é barato – os organizadores fazem questão de deixar claro que a experiência não é só para o paladar. É arte em forma de enogastromia. Quem estiver esperando apenas uma refeição vai se frustrar. Já quem chegar sem pressa, com a tarde toda à disposição, vai curtir a entrega e terá uma memória afetiva incrível do que viveu e degustou.
Vou contar para vocês como foi esse domingo frio e ensolarado. Os pratos foram pensados e preparados pelos chefs Carol Albuquerque e Willem Vandeven. Toda a harmonização foi feita com vinhos e espumantes da própria Salton.
Na chegada já fomos recebidos com o espumante rosé Salton Poética.
A frente da vinícola reuniu os 65 participantes. O número é restrito para que o serviço possa atender bem a todos.
As entradas foram servidas no próprio jardim.
Esses eram tarteletes de couve-rábano.
Essas eram batata crocante com creme de queijo colonial e cebola caramelada. Foi o único que não provei.
Esse era delicioso. Chips de beterraba, fígado de galinha e cacao azedinha.
Antes de nos dirigirmos para a cave, onde seria o almoço – excepcionalmente, dessa vez, em um lugar fechado, mas ainda assim surpreendente – ouvimos um pouco da história da vinícola por Gregório Salton, enólogo da quarta geração do grupo – e como a família, apaixonado por vinhos!
Fizemos uma caminhada por dentro da produção até chegarmos à cave. Precisei parar para fotografar essa vista bucólica. Essa vista com os vinhedos ao fundo me lembrou muito os campos da Sicília que visitei nas últimas férias (e já contei alguma coisa aqui no blog, lembram?).
A Salton é uma das maiores vinícolas que conheço. Com 105 anos completados em 2015, é uma das principais vinícolas gaúchas com produção para o Brasil e o mundo.
Atravessando a área de produção, de repente chegamos em uma das caves – aquela onde seria o almoço. O visual da mesa colocada em meio àquele espaço era de tirar o fôlego!
Dava vontade de nunca mais sair dali. Cuida lá no fundo: os barris com os vinhos em plena evolução.
É claro que dei aquela fugida básica até a cozinha. Olha aqui na frente a Carol e lá atrás, mais alto, o Willem.
Os detalhes da cozinha.
E de repente o lugar enche de pessoas comendo, bebendo e vivendo um momento muito feliz.
O pão servido era da Padarie. Feito com vinho e calabresa.
Como vocês podem ver, eu amo um pão com azeite de oliva. Podia viver de pão, azeite e vinho.
A ideia do Gastronômade é usar especialmente ingredientes locais. E outra coisa muito legal – apontada pela querida Bete Duarte (ela está agora com o site Saborosa Viagem, uma delícia de se ler) que também estava lá – é que os pratos cada vez menos têm nomes pomposos. A tendência é o chef descrever os ingredientes que usou e montar o prato de acordo com a própria criatividade.
Nessa entrada, queijo de cabra defumado, rabanetes, agrião capuchinha e limão siciliano.
Aí seguimos para o próximo: trouxinhas de ábobora (tão, tão, tão delicadas, tanto no visual quanto ao paladar) frango caipira, sálvia e shitake.
Acham que acabou? Não, não, não! Agora era a vez do cordeiro com repolho, couve-flor e panisse.
Sei que muita gente vê essas porções e pensa – Meu, vou passar fome comendo só isso! Mas não é verdade. E olha que sou comilona. A verdade é que todos os pratos, juntos, são muita coisa. Tanto que quando passaram mais cordeiro, não consegui comer (e queria tanto, olhando agora, mais um pedacinho… se desmanchava na boca, gente!).
Mas ainda tinha a sobremesa. Uma mistura de chocolate Saragana (o único insumo de fora do estado, produzido na Bahia), frutas vermelhas do pessoal da Hoenck, da Zona Sul do Estado e baunilha. Mmmm…
Vou mostrar pra vocês os vinhos usados na harmonização, na ordem que foram servidos. Esses dois espumantes acompanharam as entradinhas e a salada inicial.
Esse chardonnay (um dos meus preferidos é esse da Salton, o Paradoxo) acompanhou o prato com frango caipira. Aí fomos pra um tinto encorpado, um blend de cabernet sauvignon, malbec, merlot e cabernet franc. Aí já estávamos no cordeiro.
Para finalizar, a sobremesa foi acompanhada de um moscatel.
Ao final do almoço (já eram cinco da tarde) os chefs e sua equipe foram chamados para receber as palmas de todos que estavam no evento.
E eles merecem, porque são uns fofos! <3
Ah, antes de irmos embora, cafezinho e mais uns docinhos.
Valores: Os ingressos para esse evento foram vendidos em 3 lotes ( R$ 265 Lote 1, R$ 285 Lote 2 e R$ 305 Lote 3) e incluíram todas as bebidas com serviço.
Próxima edição no RS: Acontece em Gramado no Festival de Gastronomia, dia 3 de outubro.A mesa será montada na Rua Coberta, no centro de Gramado. A chef selecionada é a Arika Messa (conhecida pelo The Taste Brasil na GNT) e os ingressos custam R$265. Serão 80 lugares. Os ingressos podem ser adquiridos clicando aqui.
Sara Bodowsky participou do Gastronômade convidada pela organização do evento.
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