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Em 2014, um dos meus primeiros contatos com o vinho foi justamente na Vinícola Boscato. Na época, fazia o curso de Sommelier como convidada da FISAR italiana e da UCS e tive a Roberta Boscato, engenheira agrônoma e sommelier e o pai dela, Clóvis Boscato, enólogo da vinícola Boscato, como professores.

O primeiro contato com um vinhedo foi incrível e me arrebatou. Era agosto, e as plantas recém brotavam.

Recuperei as fotos daquela época e me transportei de volta praquela semana de sonho.

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Parece que estava tudo seco, né? Mas é o tempo do vinhedo. A vida estava ali, correndo dentro nas plantas.

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Isso era agosto. Agora, veja fevereiro desse ano. Durante a colheita. Em meio ao período da safra.

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Impressionante a diferença, não é?

Mas naquele agosto, enquanto os vinhedos recuperavam a força para a safra seguinte, nem tudo era marrom.

As árvores frutíferas no entorno do açude (usado na irrigação) davam um quê de sonho ao lugar.

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Nessa última sexta-feira, voltei à Boscato. Para um dos lugares onde começou a semente do Roteiro da Sara.

Dessa vez, em uma parceria comercial iniciada pelos colegas da Rádio Gaúcha Serra.

Mas, já disse pra vocês que tenho muita sorte nessa vida de amar demais o que faço. E foi um dia daqueles de não esquecer. Porque pude fazer todas as perguntas que queria, e aprender ainda mais sobre esse mundo que tem meu coração em definitivo.

Começamos justamente pelo vinhedo, que fica entre 700 e 800 metros acima do nível do mar. Logo, o frio é bem frio e a radiação solar é muito intensa.

As primeiras fotos, ainda com uvas, foram feitas pela Roberta Boscato. Me dói o coração não ter visto essa beleza (quando fui até lá a colheita já tinha acabado). O que me consola é que todos os anos temos esse espetáculo – e já me escalei: ano que vem, trabalhando ou não, estou ai, Roberta!

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Olha a formosura desses cachos:

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Praticamente todo mundo sabe, mas explicar nunca é demais: a colheita é feita manualmente e com todo o cuidado. Pros cachos ficarem intactos!

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Quando chegamos, nessa sexta, o vinhedo estava vazio de frutas, mas a visão era, como sempre, de tirar o fôlego.

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Hoje, o vinhedo está assim: cheio de mato. Mato? Pode chamar também de controle biológico.

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Como engenheira agrônoma, Roberta escolheu o manejo biológico do vinhedo. Espécies locais crescem e protegem de pragas todas as 7 parcelas do vinhedo.

Além disso, todo esse material orgânico auxilia no condicionamento das plantas para a próxima safra. Um solo com todos os compostos necessários diminui a necessidade de aplicação de produtos químicos. Que, quando precisam ser aplicados, só o são sob a supervisão da Roberta e somente produtos de baixo impacto ambiental, com resíduo zero nas plantas e alta eficácia.

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(Falando em resíduo zero, o vinhedo e a vinícola têm a água toda tratada e reutilizada, assim como todo o resto de produção)

O vinhedo também possui uma estação meteorológica própria e irrigação controlada por gotejamento. Tudo isso controlado em computadores na vinícola. Todo esse monitoramento para avaliar as condições do clima, do solo e da planta.

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Um pouco mais abaixo, visitamos o outro vinhedo. Esse é a menina dos olhos da Roberta. Aqui, ainda guriazinha, passava o dia com o avô, Aldo Boscato. As conversas não variavam – o vinhedo, o manejo e a sabedoria antiga da agricultura.

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A aplicação do antigo com o novo, hoje, faz parte do terroir da Boscato.

Uma definição que aprendi nas aulas com essa professora: terroir não é só clima, não é só o solo – é também o humano que maneja o local. E tudo que faz parte.

Inclusive a gente indo de trator pro vinhedo. OLHA A ALEGRIA (eu to fora, tirando foto de tudo porque precisava registrar pro Facebook né, e a Roberta com toda a paciência, me esperando).

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Tá vendo essa foto da casinha do joão-de-barro? Ele faz parte do terroir. E diz muito sobre o ambiente. Se sente tranquilo e parte do todo.

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Outros vários bichinhos também fazem parte dos vinhedos. Inclusive os borrachudos, que ficaram tri à vontade pra fazer a festa nas minhas pernas. Mas, também, eu me meti em todos os lugares que podia. E mesmo me coçando toda a vida, tava orgulhosa do meu feito. Afinal, escrever de casa, atrás da tacinha de vinho, é bem mais fácil, né? Se bem que estou fazendo isso agora, escrevendo com uma tacinha de vinho, não me julguem!

A melhor parte dessa foto não aparece nessa foto. Tive a impressão de ver um ganso atravessar entre os pés de uva. Perguntei pra Roberta se eu estava louca. E ela caiu na risada: “São aves migratórias. Elas descem aqui e ficam quanto querem˜.

Como não amar? <3

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A visita, que seria uma parceria, virou uma aula. Mais uma, com meus queridos professores!

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Roberta é filha do seu Clóvis. Os dois levam o vinho na alma. Se completam, discutem, discordam. Mas é claro o orgulho que pai e filha têm um do outro. E de trabalharem juntos.

A conversa e a visita duraram uma tarde. Saí de lá com a certeza que amo cada vez mais esse mundo.

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Quando coloquei nas redes sociais que estava visitando a Vinícola Boscato para o post recebi vários comentários de amigos querendo saber mais sobre os motivos da maciez dos vinhos Boscato. E é verdade – há algo diferente no sabor desses vinhos. Tanto faz se é branco ou tinto – há uma harmonia diferente, sem arestas, quase como uma assinatura no paladar desses vinhos.

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Merlot Cave Boscato, dos meus preferidos – e um dos carros-chefe da vinícola

E, já que estava lá, quis entender como isso acontece. Mostrei pra vocês os vinhedos. Mas se lá começa o milagre, ele toma forma aqui dentro.

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Segundo seu Clóvis, além da escolha cuidadosa das uvas que farão parte do vinho, também são escolhidos processos de vinificação especiais para retirar as arestas do vinho. Sem ser muito técnica, é usada a oxigenação: na primeira fermentação acontece a macro oxigenação do vinho (aquele aparelho pequenino da foto). Na hora do engarrafamento, acontece a micro oxigenação. Bom, não entendeu muito bem? Faz a visita à vinícola que seu Clóvis ou a Roberta vão ter o maior prazer em explicar!

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Tem outros detalhes que também chamam a atenção na vinícola: o principal deles é a limpeza. Em 2014 já havia notado isso, mas era agosto, não havia grande movimento por lá. Mas confirmei agora – em plena época de safra, o local está impecável. Até o aroma da fermentação – um tanto incômodo para alguns – não tomava excessivamente o ambiente. Outro é o cuidado desde a busca das uvas nos parceiros – as caixas usadas são fornecidas pela vinícola e seguem impecáveis para os vinhedos.

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Apesar da colheita ter acontecido um mês mais cedo essa ano, por conta do fenômeno El Niño (que provocou uma safra mais difícil, alternando frio e calor extremos no inverno),  os vinhos gaúchos não perderam a qualidade. A mesma situação aconteceu na Boscato – mas, a quantidade será menor. Logo, de acordo com a Roberta, “Vai faltar vinho Boscato”.

Pra quem se assusta, deixa ficar mais claro: quem gosta de Boscato, tem sua preferência (no final do post, dou as minhas dicas e do seu Clóvis também), mas não há garantia que o vinho da uva que você gosta vai durar até a próxima safra.

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Um dos meus lugares preferidos: a cave onde os vinhos envelhecem nos barris de carvalho

Bom, eu já garanti o meu: olha eu em cima de um dos tanques de fermentação, acompanhando a remontagem (momento que a máquina mexe a uva que está ali há poucos dias, no processo de primeira fermentação) e emocionada pra caramba. Primeira vez que uma jornalista subiu nos tanques da Boscato, me garantiu seu Clóvis (e se ele diz, eu acredito!). Tive que tirar os sapatos de salto pra escalar, toda ajeitadinha de vestido, mas não podia estar mais feliz!

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São 19 produtores parceiros da vinícola. Alguns trabalham com a Boscato há 22 anos – já conhecem de tal maneira o padrão da vinícola que quando a produção não atinge a qualidade esperada nem levam até a Boscato: “Eles dizem que  não vão nem mostrar porque ficam com vergonha”, diz seu Clóvis, orgulhoso dos parceiros.

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Uma das grandes notícias – pra mim, que sou fã! – é a força do retorno do Cabernet Franc. Uma uva que na década de 70 entrou em decadência – em razão das mudas francesas que entraram no Brasil com uma virose que logo se espalhou para todas as plantas. Aqui, quem plantava a Franc trocou para Cabernet Savignon e logo depois também para Merlot. No Uruguai, que também plantava a mesma qualidade e também sofreu com a doença da planta, foi adotada a uva Tannat.

Ok, prometi algumas dicas, certo?

Primeiro, uma seleção daqueles que são os tem que ter na nossa adega. Alguns, inclusive, como o Grand Cave ali do meio, são pra deixar mais de ano, se quiser. Mas se quiser, é claro!

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A maior parte desses vinhos são encontrados em Porto Alegre, mas na vinícola é parte do prazer da visita fazer as compras também.

Agora, preciso mostrar esse pra vocês. O vinho top de linha da Boscato: o Anima Vitis só é feito quando quando os cinco tipos diferentes de vinhos (Cabernet Sauvignon, Ancelotta, Merlot, Alicante Bouschet e Refosco) que compões o Anima saem com uma safra perfeita, exatamente como o enólogo Clóvis Boscato pensou a parcela de cada. São fermentados cada um em separados e depois unidos, em perfeita alquimia.

A última vez que isso aconteceu foi em 2015. Antes, em 2005. Já se sabe que 2016 não terá o Anima.

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Mas, desculpa aí, eu já tenho o meu. Não me aguento e preciso contar que, mesmo trabalhando, ainda ganhei esse presente especial. Porque você sabe, quando entra em uma vinícola italiana, é como se estivesse entrando na casa dos donos. Será tratado com todo o carinho e vai sair com vinho, suco de uva e uvas de mesa (sim, a Roberta conseguiu achar comigo um parreiral pra eu atacar!)!

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Deu vontade de ver tudo isso ao vivo, né?

Confira a página da Vinícola Boscato clicando aqui

Então saiba como visitar:

A Vinícola Boscato não abre no final de semana. Mas existem opções de visitação com agendamento (aí é possível combinar o melhor dia).

Informações, datas, agendamentos e formação de grupos: Vinícola – Nova Pádua: (54) 3296-1377 com Andrelise

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São três opções de visitas:

Vinícolas e Vinhedos com Degustação (vinhedos, vinícolas e degustação de 4 vinhos na sala de degustação) – R$50 por pessoa

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A sala de degustação da Boscato tem 44 lugares

Vinícola e Vinhedos com Degustação e Harmonização de Pratos e Vinhos (vinhedos, vinícola, degustação de quatro vinhos na sala de degustaçáo e almoço ou jantar harmonizado) – R$210

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A vinícola possui também uma cozinha e um salão para almoços e jantares harmonizados (imagina esse lugar no frio! <3)

Curso de Degustação (um sábado das 8h30 às 18h com visita à vinícola, aos vinhedos, aulas de teoria da degustação, práticas de degustação de vinhos, almoço harmonizado com serviço à francesa e certificado): R$260

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Seu Clóvis, meu querido professor lá do meu início no mundo do vinho, sempre pronto a ensinar a amar (ainda mais) essa bebida dos deuses

Sim, eu também fiz minha degustação!

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Já disse pra vocês que tenho um trabalho difícil, né?

Essa é uma postagem comercializada. O conteúdo foi redigido pelo Roteiro da Sara (Sara Bodowsky) e a marca e o local que aparecem aqui estão em conformidade com as condições editoriais para publicação no blog e no site da Rádio Gaúcha.