Por Rita Cherutti, nutricionista especialista em psicologia e esportes, mestre em medicina pela UFRGS

Procurei a Dra. Claudia que é dentista e trabalha com odontologia do esporte para falar um pouco sobre odontologia do esporte e nutrição. Confira o que ela falou a respeito:

“Você deve estar se perguntando qual a relação da odontologia do esporte com a nutrição e o que ela aborda.

Pois então, a odontologia do esporte é baseada no cuidado e na prevenção de problemas bucais que poderão interferir num bom rendimento esportivo, correlação comprovada por estudos. Você sabia que transtornos alimentares são facilmente detectados pelos dentistas? Um exemplo disso é a bulimia, que causa intensa perda mineral dentária; outro, é a anorexia ,que pode levar a amenorreia , osteopenia ou osteoporose aumentando o risco de injúrias orofaciais como fraturas de ossos e de dentes.

E onde entra a relação com a nutrição? A odontologia do esporte tem estreita relação com a nutrição esportiva. O tipo de dieta e de suplementação nutricional para atletas, tanto amadores quanto profissionais, tem influência direta sobre os dentes e suas estruturas de suporte. Sem orientação de um profissional com conhecimento na área , a saúde bucal pode estar comprometida, trazendo significativas alterações dentárias. O exercício físico pode ser considerado um fator de risco para a cárie e para a erosão dentária em todos os atletas (amadores e profissionais). Isto ocorre pois o esforço físico provoca a redução do fluxo das glândulas salivares, com consequente diminuição do  PH bucal (ideal que o PH esteja neutro em torno de 7.0). A saliva é muito importante para a manutenção da saúde na boca, pois tem a capacidade de neutralizar a acidez , mas essa proteção fica diminuída quando o PH encontra-se em valores abaixo de 4,5. E é aí que começam os problemas… A maioria das pessoas que pratica esportes como tênis, corrida, natação, futebol, etc, já se valeu do uso de isotônicos e de carboidratos. Os isotônicos, em geral, tem um PH que gira em torno de 3.0, altamente injuriante aos dentes, o que pode promover a desmineralização (dissolução) das estruturas dentárias. Já os carboidratos, no entanto, apresentam  alto potencial cariogênico. Eles ficam retidos nos dentes servindo como substrato para microorganismos desenvolverem a cárie, lembrando que, com a diminuição salivar diminui também o processo  mecânico de limpeza dos dentes, agravando o problema.

Assim, suplementar o atleta e prepará-lo apenas para as provas, sem as devidas orientações e cuidados, pode comprometer sua saúde bucal e geral. Já é sabido que as doenças infecto-inflamatórias bucais podem gerar alterações no tecido muscular com manifestações sistêmicas prejudicando o desempenho físico do atleta amador ou profissional. Outro ponto a ser levado em conta é a ocorrência de ausências dentárias, desfavorecendo adequada e eficiente mastigação, comprometendo a quebra dos alimentos, e , por consequência, sua transformação em energia… Resultado? Queda na performance.

Enfim, o dentista deve então, trabalhar em conjunto com nutricionista orientando os atletas quanto a dieta suplementar e os  riscos envolvidos, a fim de prevenir lesões ou tratar as já existentes . Outra importante abordagem da odontologia do esporte é o modo como os dentes se articulam, ou seja, sua oclusão. Problemas nesta área (faltas dentárias, contatos prematuros) serão compensados pelo corpo podendo ocasionar lesões musculares e articulares. O tratamento para corrigir essas alterações envolve a desprogramação da musculatura facial com o Miotens e confecção de placa otimizadora. Enfim, uma meticulosa avaliação se faz necessária para identificar tais problemas… Mas este é um assunto para um próximo momento”.

Cláudia Pereira Lima Skaltsas – CRO-RS 13746

Fone : 9970.10692

Odontologia Estética /Odontologia do EsporteFA-UFRGS