Mesmo que a gravidez tenha sido muito desejada e planejada, a chegada de um bebê muda totalmente a rotina do casal. Novas responsabilidades e novas funções surgem e podem causar um impacto negativo na vida a dois caso algumas atitudes não sejam observadas.

Mas, afinal, o que acontece com o casal após a chegada do bebê?

A psicóloga e psicoterapeuta Iara L. Camaratta Anton explica que, apesar de toda a alegria que uma criança geralmente traz, é inevitável e necessário um processo de adaptação no casamento para evitar os desgastes da transição. Vamos passar por alguns tópicos para entender o que ocorre e superar eventuais problemas.

1. Existe uma adaptação à nova realidade

A chegada de um bebê exige mudanças na distribuição do espaço físico e do tempo. Isso implica em ganhos e perdas – e exige uma boa margem de tolerância a frustrações e capacidade de adaptação a situações novas. A criança depende de cuidados permanentes para sobreviver e para se desenvolver. É muita responsabilidade, o que pode deixar alguns casais assustados.

2. Cuidado com os ciúmes

Alguns casais têm extrema dificuldade em lidar com triângulos, de modo que duas partes se apegam e outra fica afastada. Exemplos: mãe e pai x bebê; mãe e bebê x pai; pai e bebê x mãe: família da mãe (ou do pai) e bebê x família do “outro”. Um dos dois se apodera e o outro se sente excluído.

3. Evite a intromissão  de terceiros

Muitas pessoas se intrometem, dando conselhos e tomando iniciativas que desfavorecem a ambos.

4. Não deixe a libido de lado

As mudanças corporais e psíquicas (causadas também pelo cansaço, falta de sono e da rotina de cuidados com o bebê) podem implicar em diminuição temporária da libido e, consequentemente, ao afastamento do casal.

5. Desconecte-se só do mundo infantil

A mãe, especialmente no período de licença-maternidade, acaba entrando “de cabeça” no universo infantil, já que passa 24h de seu dia envolvida nos cuidados com a criança como troca de fraldas, amamentação, banho e etc e acaba se sentindo isolada do mundo.

O que pode ser feito para viver essa etapa da melhor forma possível e não deixar que a chegada do filho afete a sintonia do casal?

– Dar-se conta de que desejar um filho muitas vezes é algo fantasioso, tal como adquirir um automóvel novo ou a realização de um sonho qualquer. Filho é “gente” e pressupõe que o casal tenha maturidade suficiente para se adaptar às necessidades do bebê, sem se deixar subjugar pelas suas ansiedades pessoais. O bebê cresce e se adapta, assim como nós nos adaptamos a ele. E ele não necessita de pais perfeitos: apenas de pais capazes de amá-lo, de se encantarem com ele, de curtirem cada novo momento, além de se valorizarem mutuamente.

– É interessante que o casal se “escute” e que vá buscando, pouco a pouco, dar atenção a outros temas, que não exclusivamente os relativos ao bebê.

– Cuidar da saúde, do bem-estar e da sua vaidade favorece a autoestima e a autoconfiança, além de fazer parte da “arte da sedução”, que aquece a vida a dois.

– Queixas de um em relação ao outro não ajudam em nada. É preciso ser mais proativo, descrevendo ou pontuando exatamente e em poucas palavras os sentimentos e desejos. Por exemplo: “Sinto muito a sua falta” (em lugar de “Você não me dá atenção”) e “Vamos dar uma caminhada juntos?” (em vez de “nunca mais saímos de casa sozinhos”).

– Criticas, correções e tentativas de enquadrar o parceiro em seus próprios moldes são muito desestimulantes. E mais: pai não é ajudante de mãe, não é um mero auxiliar – ser participativo e corresponsável é ocupar o seu devido lugar na família.