* Essa matéria será publicada no Caderno Destemperados de Zero Hora nessa sexta-feira
* Sara Bodowsky viajou a convite da Porto Brasil Viagens
Tinha passado a manhã nos arredores da Plaza Mayor, no centro de Madrid, para chegar tranquila no almoço do El Botín, que fica a alguns metros dali.
O entorno já digno de muita curtição – sugiro um café da manhã no Mercado de San Miguel com pinchos, bocaditos e, porque não, já degustando uma taça de um cava ou mesmo champagne. Porque, gente, os espanhóis bebem desde muito cedo e até muito tarde. Uma dica: mesmo que você esteja do lado da Plaza Mayor, evite os restaurantes internos. A vista é maravilhosa, mas a comida é cara e sem sabor. Do outro lado dos paredões existe um outro mundo, delicioso e muito mais barato!
A EXPERIÊNCIA DO EL BOTÍN
Não sou a maior fã de lugares super turísticos, mas quando fiquei sabendo que Madrid tinha aquele que é conhecido como o “restaurante mais antigo do mundo”, segundo o Guinness Book, botei na cabeça que ia almoçar no El Botín (ou Restaurante Sobrino de Botín, como escrito na fachada).
Tinha ouvido que era super concorrido, mas a reserva, pela internet, foi tranquila. Talvez porque fosse uma terça-feira, ou porque eles têm quatro opções de horários para almoço (13h, 13h30, 15h, 15h30) e quatro para jantar (20h, 22h, 22h30, 23h) – como vocês podem ver, todas um tanto caóticas. Funciona de segunda a segunda e só fecha nas noites de Natal e Ano Novo.
O prato mais popular do El Botín é o cochinillo asado. Mas, se prepare: os corações mais delicados podem se sentir divididos. Eu fiquei sabendo só após o almoço. Mas acho que mesmo assim, comeria – é meu trabalho provar sabores e pratos típicos, também. O cochinillo é um porco de apenas 21 dias, que foi alimentado só com leite.
A história é triste, mas o sabor é incrível. A carne é tenra e o prato vem servido com batatas. O cochinillo segoviano, assim como o cordeiro (outro assado muito procurado por lá), chegam em carregamentos três a quatro vezes por semana ao restaurante. Por dia são servidas entre 700 a 800 pessoas no El Botín.
Para entrada, pedi um gazpacho – sopa fria espanhola que lá ainda temperada com pimentão, tomate, cebolas e outros picados ao gosto do cliente, na mesa pelo garçom.
O prato principal foi meia porção de cochinillo – foi suficiente, como vocês vêm nas fotos. Muito bem servido e muito saboroso.
Não pedi sobremesa (não sou a maior fã de doces), mas para acompanhar, necessária uma taça de vinho tinto de Rioja: “da casa”. Isso é o bacana de viajar mesmo sozinha por países como Espanha, com história e tradição na produção de vinhos. A taça de vinho da casa dificilmente vai te decepcionar! O total foi cerca de 35 euros.
A dica, quando chegar ao El Botín, é pedir um lugar no subsolo, se você é daqueles que curtem reviver a história.
Não tem como escolher o andar ao fazer a reserva pela internet. Mas chegue cedo e peça onde quer ficar.
Eu fui parar na entrada da adega, incrível!
O lugar não é mais usado com esse propósito porque não foi pensado, na sua construção, centenas de anos atrás, para ter controle de temperatura e umidade como as adegas modernas.
Mas achei ali algumas garrafas de 30 e 40 anos que me deixaram curiosa. De qualquer maneira, é uma experiência incrível. Os andares acima – planta baixa, primeiro e segundo – guardam as características da antiga hospedaria.
É outra batida, mais luz, mais agitação.
A HISTÓRIA DO BOTÍN
Em 1590, quando o Rei Felipe III transfere a corte espanhola temporariamente para Valladolid, o proprietário do edifício onde hoje está o El Botín pede autorização para funcionar como albergue dos integrantes dos cortejos reais que não se hospedavam nos palácios da Plaza Mayor, alguns metros distantes.
Em 1725, nesse lugar, o sobrinho da esposa do cozinheiro Jean Botín abre o uma pousada e é dessa data o forno,que até hoje é utlizado.
É daí que inicia a contagem do Guinness, considera como de fundação do restaurante. Nota curiosa: nas hospedarias, nessa época, só se podia cozinhar o que o hóspede trazia, para não fazer concorrência com casas de comida e restaurantes. Dizem que Goya trabalhou por lá lavando pratos, em 1765. No início do século XX, a família que agora comanda o restaurante assumiu, abriu mais dois andares (além do térreo e do subsolo) para os clientes e fechou a hospedaria.
Reservas e informações: www.botin.es (no site também tem algumas receitas de pratos como o gazpacho e a sopa castelhana de alho com ovos).
Restaurante Sobrino de Botín
Endereço: Calle Cuchilleros, 17 – Madrid – Espanha
Telefone: +34 913 664-217 / +34 913 663-026 ou gesbotin@botin.es
Funcionamento: todos os dias da semana, no almoço e no jantar. É preciso reserva pelo www.botin.es
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