Chef's Table - os incríveis jantares da Casa Cor 2016

Chef’s Table – os incríveis jantares da Casa Cor 2016

Sempre falo por aqui que comida é cultura. Porque fala de um lugar, de um povo, de hábitos que foram se criando e modificando, contando a história de um povo.

Aos poucos, nos últimos anos, olhamos para a nossa comida aqui no Sul com uma mirada mais branda. Mais generosa. Do que era considerado moderno – insumos vindos de locais distantes, que levavam um tempo para chegar aqui – ao que se entende hoje como sustentável – matéria-prima local, resgatada na produção de comunidades que sempre trabalharam com essa cultura.

Afinal, quando se pensou, há pouco mais de uma década, que barriga de porco ou bochecha de boi derrubaria a hegemonia do caviar nos jantares da alta gastronomia, ou que bergamota seria muito mais celebrada que tâmaras ou damascos?

A felicidade de quem trabalha com comida é testemunhar que esse dia finalmente chegou. O post de hoje não é uma sugestão de lugar (apesar de ser possível, ainda, participar do Chef’s Table – veja abaixo). É uma provocação pra você pensar o que come. Seja em um super restaurante, seja na feira de orgânicos do seu bairro. Porque a comida, quando toca o cérebro, dá ainda mais prazer.

No dia 29 de julho, na CASA COR RS (Faria Santos, 451 – Porto Alegre) foi o lançamento desse projeto incrível chamado Chef’s Table. Encabeçado pela Embaixada Gourmet – que tem na sua alma a Fernanda Guimarães, que não apenas pensa, mas também sente comida 24 horas por dia, é algo diferente de tudo que você já viu por aqui.

Antes, deixa eu explicar uma coisa que você precisa saber da Fernanda: ela, provavelmente, já passou pelos principais e mais requintados restaurantes do Brasil e do mundo. E, quer saber? Toda, toda vez que busco uma dica de lugar bom, saboroso e barato, é pra ela que eu corro. Sim, gente. Porque para entender o top, é preciso conhecer – e reconhecer – o básico.

Feito esse porém, deixa eu voltar pro post.

Nessa noite, o grande chef era o Marcelo Schambeck (Del Barbiere) – que é o chef residente do evento. Marcelo já extrapolou as divisas gaúchas e hoje está no Rio de Janeiro – também, porque seria uma perda incrível se ele deixasse nosso pago. Schambeck hoje é, sem dúvida, um dos grandes, senão principal, expoente da sua geração na gastronomia brasileira. Sua maneira simples e bonachona disfarça um super e incrível talento à frente das panelas.

A porcelana foi desenvolvida especialmente para os oito cursos do jantar pelo Studioneves – a ideia é que os pratos físicos harmonizem com os pratos de comida.

Mas tá na hora de levar vocês, em fotos, pelo jantar de abertura da Casa Cor 2016!

Os três vinhos escolhidos para harmonizar com o jantar

A apresentação que remete ao trabalho dos indígenas no RS

No prato, as mãos que seguram a comida – um amuse bouche de aipim crocante coberto com língua defumada, ervilha e pinhão.

O pão, uma das especialidades de Marcelo Schambeck

O pão da Padarie, acompanhado de queijo labneh e azeite.

Uma pequena e deliciosa transgressão: a vela que derrete em azeite de manjericão (produzido pela Arte Chama).

Os pratos são preparados no espaço Black Swan, onde a cozinha fica no meio e todos os convivas estão sentados no entorno

Olhete cru, marinado no limão com queijo feta, pepino e flor de sal.

Polvo com laranja, batata-doce e maionese defumada. Meu prato da noite!

Já pensou usar um ingrediente super comum – o repolho! Servido com caldo de porco, funcho e tomate. E no bonsai de árvores de araçá, folhinhas de rúcula para temperar!