Uma das experiências gastronômicas mais legal da viagem que fiz à Florença, na Toscana, foi aprender a cozinhar alguns pratos típicos daquela região da Itália. Um dia no Food&Wine Academ. E foi divertidíssimo.
Aprendemos a fazer essa massa – mesmo, com as próprias mãos (mais farinha e ovo) – molho ragu e tiramisù de sobremesa.
O dia começou cedo. Antes das oito da manhã daquele sábado, saí do meu hotel em direção ao Mercado Central de Florença. Foi encantador caminhar pelas ruas daquela que é a principal cidade da Toscana antes da maioria dos moradores acordar.
Os detalhes. Ah, os detalhes da arquitetura…
Tudo é muito próximo uma vez que Florença é uma cidade pequena e medieval. E praticamente todos os caminhos passam pelo Duomo de Firenze, como é conhecida a Catedral Santa Maria del Fiori – que começou a ser construída em 1294 e só terminou em 1436.
A foto não faz jus nem à metade da imponência e aos detalhes desse monumento italiano.
Mas eu precisava seguir para chegar até o Mercado Central, onde começaria nosso dia de chefs de cozinha em treinamento.
Ainda vou falar sobre esse lugar em outro post – ele é incrível, a planta baixa dedicada à venda de insumos e o primeiro andar um lugar recém remodelado, moderno, com lanchonetes temáticas e winebars. Um sonho!
Mas o que nos interessava era o que estava à venda por lá.
Nos mercados locais você realmente começa a entender a cultura gastronômica de um lugar.
Frutas e verduras – o limão (pra gente, siciliano) sempre presente.
E de repente até a bandeira do Brasil aparece. Os donos da banca eram de partes diferentes da América do Sul e foram presenteados por brasileiros com a bandeira. Foi o suficiente para pendurá-la.
Em tempo: há um núcleo interessante de gaúchos vivendo em Florença!
Esses biscoitos são cortes de bolos que são transformados no forno.
Itália sem Nutella não é Itália. Fato.
Fiz essa foto para mostrar bem a consitência dos pães e bolos. São mais densos e menos aerados, também devido ao tipo de farinha que se usa.
Já nas carnes, não perdemos em nada para eles. Existe um prato especial em Florença que é a bisteca fiorentina (logo conto sobre ela também). Muito gostosa, mas ainda sou mais as carnes da Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul.
Falei que nossas carnes são melhores? Mas isso não inclui o bacon italiano. Gente, bacon é vida. E na Itália é isso na potência mil!
Bom, era hora de irmos para nossa aula de cozinha. Eu era a única brasileira no grupo, composto de americanos e ingleses. Saí com o curso reservado aqui de Porto Alegre (obrigada ao pessoa da CI do Moinhos que encontrou e organizou tudo pra mim). As aulas são em inglês, mas existe a possibilidade de serem em espanhol, também.
Na escola os apetrechos de cozinha já estavam montados à nossa espera.
Sim, eu também tive que me preparar. Ou vocês acham que é só chegar e sair colocando – literalmente – a mão na massa?
Primeiro aprendemos a fazer a sobremesa, o tiramisù. Por um motivo simples – ele precisava gelar enquanto preparávamos e comíamos a massa e o molho.
Confira as receitas na íntegra nesse link!
Um dos nossos professores era o Alain (foto) e o outro, o Alessio. Nesse momento o Alain prepara o creme do tiramisù – usando queijo mascarpone. Ainda ontem falava com ele, via redes sociais, para entender bem como explicar pra vocês o verdadeiro mascarpone. A definição dele foi muito simples: é fresco, consistente porém maleável e o sabor é algo que lembra creme de leite fresco misturado com manteiga. Portanto, qualquer coisa com sabor mais forte não é mascarpone. É importante explicar isso porque nunca gostei de tiramisù ou mascarpone. Até, nessa aula, descobrir que comia qualquer coisa que não era nem um, nem outro. Grazie, Alain!
Os biscoitos são parte importante do prato. Aqui temos o champangne, que não é exatamente o mesmo. A dica é procurar aquele que seja mais caseiro e mais delicado.
Eu realmente me dediquei ao trabalho. Nessa hora estava colocando o biscoito no café preto – rapidamente, sem deixar ele molhar demais. O tiramisù italiano tem um sabor suave de café, algumas vezes pouco perceptível.
Nota da editora (que sou eu mesma): postei essa foto nas redes sociais naquele dia e fizeram tanto sucesso (!) que acabei em um post divertidíssimo do Buzzfeed. Sou fã do bom humor do site e tenho a declarar que o curso só leva um dia, então falta de tempo não é problema! (você vai ter que ler o post pra entender a piada, desculpa!).
Pronto! Não ficou lá essas coisas na apresentação, mas juro que no final estava super gostoso!
Hora de fazer a massa. O mais importante da massa italiana são os ingredientes. Para ficar na consistência grano duro, é preciso que seja a farinha 00 (nunca encontrei por aqui, só trazendo de fora. E ela é diferente ainda da argentina ou da uruguaia, apesar de muita gente confundir).
Essa quantidade era exata para uma pessoa.
Detalhe: os ovos vêm codificados com procedência e prazo de validade. Todos.
A tática é colocar o a clara e a gema no buraco feito com o próprio ovo. Aí, aos poucos, se vai formando a massa adicionando mais farinha. Quando estiver em uma boa consistência, é hora de abrir. A minha, no entanto, ficou com algumas sardas.
O Alain me explicou que isso aconteceu porque coloquei muita farinha. Enfim… aí o Alessio nos ensinou a, com a mesma massa, montar os raviolis. O recheio é opcional para cada um – ricota, queijo, frango, carne…
Nada como a prática dos chefs-professores, né. Olha como parece fácil pra eles!
Mas, ahá!… eu também fiz os meus ravioli. Com sardas, mas gostosos!
Pode não parecer a melhor maravilha do mundo aqui, mas quando foram pro prato… vai dizer que você não ficou morrendo de vontade?
Aprendemos também a cortar a massa em diferentes tamanhos – e é apenas isso que difere tagliatelle de tagliarim ou de spaghetti, por exemplo. E o que mostra que a gente não tinha muita noção, porque as massas devem ser cozinhadas apenas entre tamanhos iguais – senão uma fica pronta antes da outra, na mesma panela.
Hora do molho! Pra gente seria o bolognesa, mais conhecido por esse nome. Mas em Florença (Firenze) se você disser que o molho feito lá é de outro lugar – Bologna – a situação pode ficar um tanto complicada. Então vou usar o nome que eles usam na Toscana – ragu! Me garantiram que é diferente do feito em Bologna. Como não fui para lá e achei parecido, digo pra vocês tentarem e depois me contarem.
Os ingredientes são esses. A carne é de gado e também de porco – conteúdo tirado de um salsichão ou linguiça crua.
O preparo é de matar de fome… o aroma, gente, o aroma! Primeiro a carne de porco.
Depois, a de gado.
E, claro, finaliza com o que? Vinho!
Esse foi o resultado do molho. Delicioso… só de ver a foto dá vontade de voltar àquele dia de novo. E de novo. E de novo…
Importante: preciso contar pra vocês que TODO o processo foi acompanhado por uma (s) bela taça (s) de vinho chianti. E bruschettas. E fatias de pera. Mmm…
Para quem quisesse, era possível comprar os ingredientes usados durante a aula. O preço era justo (não esqueça que estão em euros).
Quer conferir as receitas? Clica aqui.
Um super obrigada à CI Intercâmbio, que me colocou em contato com o pessoal da escola – a CI oferece essa aula dentro do Mochilão Gastronômico.
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