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Um sábado na serra italiana gaúcha lembra vinho, galeto, massa e alegria.
E pode significar também adrenalina e muita coragem. Especialmente se você estiver cercado daquelas em quem confia!
Foi o que aconteceu quando reuni três amigos de infância – a Fábia, a Daniela e o Gonzalo – e convidei-0s para visitar o Parque de Aventuras Gasper. O lugar fica em Linha Eulália, que tem inclusive uma rota pra lá de romântica – Encantos de Eulália. O caminho até o Parque é lindo e super antigo. Ainda vou falar dessa rota com mais detalhes aqui no blog.
Quando nos dirigimos ao parque, a verdade é que não sabia o que me esperava e eles, tampouco! Mas quando se é amigo há tanto tempo, não precisa muita explicação. Um diz: “Vamos!” e os outros respondem “Simbora!”
Então, simbora!
Sábado, nove e meia da manhã, chegávamos por lá.
A primeira coisa que avistamos foi esse espaço bucólico. Churrasqueiras, trilhas para caminhadas, até uma área de paintball. Pensei: “ok, é para uma aventura soft. Vamos lá!”
Antes de mais nada, preciso confessar para vocês que, apesar de estar sempre em movimento, nunca realizei uma aventura mais radical. Nem tive vontade. Pular de paraquedas, saltar de bungee jump, nada disso nunca me atraiu. Sempre achei que a vida já tinha emoções suficientes com os dois pés no chão.
Até aquele dia.
Nos aproximamos do extremo do Parque. Bonito, né? Você está vendo essa torre mais alta, com um paredão verde? Então guarde na mente: esse é o paredão de escalada. Daqui a pouco vou explicar o motivo dessa explicação.
O Dandi, gerente do parque e um querido (e dotado de uma paciênciaaaa) nos recebeu e explicou tudinho que nos esperava.
O problema não foi a explicação. Foi que eu não entendi que rapel era muito, muito diferente de escalada.
Veja a quantidade de equipamentos de segurança. Só que eu seguia olhando pro paredão verde ali na frente e achando que era esse nosso desafio – meio assustada, mas pensando: ah, isso aí eu escalo!
Pela minha cara de felicidade enquanto sou paramentada com o equipamento de segurança vocês têm a noção do quanto a ignorância é uma benção, né? A mais feliz pra foto.
Meus amigos de fé também pareciam os mais tranquilos. Depois de tudo terminado perguntei: “como vocês estavam tão calmos?” A resposta: “O silêncio era de pavor, Sara!”
A partir da foto seguinte eu comecei a assimilar o que me esperava. Era daí que partia o rapel. 135 metros de altura, sendo que o rapel é feito em 60 deles. Sim, o Dandi havia me passado todos esses dados. Mas como sou péssima para distâncias e quantidades, foi a mesma coisa que dizer que andaríamos dez metros numa subida.
Foi nesse momento, nessa visão, que o pavor começou.
Sabe esse vale lindo lá embaixo? É o Vale dos Vinhedos. Sim, nós estávamos muito acima.
Nesse momento já estávamos divididos em duplas. Eu e a Fábia desceríamos primeiro, seguidas do Gonzalo e da Dani.
Não foi possível. Eu estava grudada nas cordas de ferro da estrutura. Aí a segunda dupla virou a primeira.
Desceram tranquilos. Sorridentes. E eu, congelada.
Até que chegou a nossa vez.
Antes de continuar apavorando vocês, preciso explicar que a equipe do Gasper foi super solícita e cuidadosa. Só segui no rapel porque era algo que eu queria fazer, apesar do medo. No momento que eles tivessem qualquer dúvida sobre minha vontade, não me autorizariam a descer.
Mas eu queria. Confiava no equipamento de segurança e na equipe de apoio. O medo era algo além, irracional.
Depois de algum tempo rastejando sobre a plataforma (não, não é figura de linguagem, descobri que a cabeça na mesma altura do corpo me deixava mais confiante), assumi a posição de descida
Pela expressão no meu rosto vocês podem ver que eu já estava super tranquila. CLARO QUE NÃO! EU ESTAVA SUSPENSA E APENAS AS PONTAS DOS MEUS PÉS TOCAVAM A PLATAFORMA!
A orientação era: “vai soltando a corda com a tua mão direita, que fica atrás de ti”.
Mas tinha muito medo. Então combinei que toda a descida seria controlada pelo monitor que estava ali em cima.
Lá embaixo já tínhamos outro monitor, o Manolo. Ele desce antes de qualquer turista para garantir a segurança.
Esse é o momento no qual me dou conta do que está para acontecer. Vai começar a descida!
(ps: a Fábia parecia a mais tranquila. Só que depois me confessou que já chegava uma – eu, no caso! – quase em pânico. Por isso, se controlava. Tá certo…)
“Vai lá, Sara! sorri e dá tchauzinho pra foto!”
Eu não lembro dessa foto. Está envolta nas brumas do pavor!
E de repente, tudo começa!
Estamos a 135 metros de altura. Com uma paisagem de tirar o fôlego à nossa volta.
É um momento único. Indescritível. O medo vai passando e adrenalina e a felicidade tomam conta.
Impressionante, não é? A gente lembra o quanto é pequeninho nesse mundão tão lindo. E as perspectivas, os problemas, tudo começa a mudar também.
Essa formação rochosa gigantesca é conhecida como o Paredão da Eulália. É daí que vem o pitoresco nome do local.
Sim, gente. Tem uma cachoeira. Essa é a vista de cima, mas de acordo como descemos vamos acompanhando ela lado a lado.
Lá embaixo, o Manolo, a Dani e o Gonzalo esperam pela gente.
E o que eles vêem é isso, ó: eu e a Fábia lááá em cima.
Aos poucos, a gente vai chegando.
Aí já mais tranquilas, né.
Não chegamos na base, mas em um parador na altura de 60 metros.
O Manolo nos recebe e dá toda a ajuda.
Agora meu sorriso já está mais tranquilo, né?
É porque eu acho que acabou. Em algum lugar da minha mente, não sei como, imaginei que seríamos içados de volta.
Algo assim, super turístico, sabe?
Até pausa pra foto tivemos.
É.
Só que a vida não é assim tão fácil.
A descida foi em rapel. A volta seria em Via Ferrata.
Oi?!
Sim, eu sei. Você, que nunca escalou, também não faz ideia. Como eu não fazia.
Via Ferrata: é um itinerário montado na parede rochosa da montanha, com degraus de ferro, cabos e plataformas, destinado a proporcionar aos aventureiros uma escalada pela parede rochosa, nivel fácil, foi adaptada para novatos.
Aventureiros novatos. Melhor definição.
Antes de continuar o relato, preciso ser muito sincera com o leitor: considerei a ideia de simplesmente ficar ali embaixo. Fingir um desmaio para ser içada, chamar um helicóptero, sei lá. Mas tudo isso passa muito rápido pela mente e eu sabia que teria que contar aqui qualquer mico que pagasse lá embaixo. Então pensei – vamos!
E fomos.
Há uma situação mental muito curiosa quando se começa a fazer algo tão desafiador – pelo menos para mim. Sabia que estava com cintos de segurança e que não morreria. Mas sabia também que para chegar lá em cima dependia de mim, e apenas de mim.
Então decidi ir contra minha natureza. Não olharia para baixo, nem para cima. Direcionaria minha atenção para cada passo. Nem o anterior, nem o que viria depois.
De repente, me dei conta da lição de vida que vivia ali. É assim a existência: viver o agora o mais consciente possível. Olhar pro passado (para baixo) ou para o futuro (para cima) só causa ansiedade. E faz tropeçar no presente. Literalmente, nesse caso!
Mais calmos, atingimos um ponto de observação incrível. Os mais audazes levam chimarrão e ali sentam para, com calma, curtir todos os detalhes desse ponto onde poucas pessoas chegam. E nós chegamos!
É, mas apesar da fotinho parecer super feliz, eu estava com as pernas bambas. Mas confesso: sim, muito animada. Cada vez mais!
Quando finalmente alcançamos o fim da escalada tive um momento de profunda emoção. Especialmente porque ainda estava preparada para muito caminho paredão acima (lembram que não olhava além do próximo passo?). Um misto de emoção e profundo agradecimento tomou conta de mim.
A partir daí, todas as opções do parque foram fichinha. Saí cheia de adrenalina querendo fazer de tudo!
Seguimos direto pra tirolesa – um cabo aéreo ancorado entre dois pontos, pelo qual o praticante se desloca através de roldanas. A sensação é de voar sobre terreno que passa por baixo, sem exigir esforço físico do praticante.
E foi o que fizemos!
Além da tirolesa tem também arvorismo.
E trilha feita com quadriciclo!
Os preços são ou para uma modalidade, ou combinados.
Espero que vocês tenham se divertido, lendo, como nós nos divertimos fazendo essas modalidades. Até hoje é assunto na roda de amigos. A frase que mais se escuta é “Vocês têm certeza que a gente fez isso?”
Claro que temos. São mais de vinte anos de amizade. E de muita confiança – ninguém levaria o outro pra uma roubada, né?
(Dani, Fábia e Gonzalo! Esse post é pra vocês! Amigos de vida, comigo num dos momentos mais emocionantes da nossa!)
Localizado em torno de uma imensa parede rochosa, chamado de “Paredão da Eulália”, o Parque oferece as atividades: Rapel, Tirolesa, Paint Ball, Parede de Escalada, Arvorismo e Atividades Empresariais.
Linha Eulália – Bento Gonçalves – RS
Telefones: (54) 3454-1072 / (54) 9109-4824
gasper@gaspermontanhismo.com.br
Funcionamento:
Horários: Sábados das 9h às 18h, domingos das 14h às 18h – ou sob agendamento.
A entrada no parque custa R$ 3,00.
Para confirmar se o Parque está aberto na data de sua preferência, acesse o site ou ligue para (54) 9109-4824.
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