Já faz quase 20 anos que o Viagra foi lançado, e até agora, a indústria farmacêutica ainda não conseguiu criar nenhum remédio que combata a ausência de desejo feminino, um problema que chega a atingir cerca de 32% das mulheres em todo o mundo.
E quando o problema começa a acontecer com mais frequência, passa a ser uma doença, chamada transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH), que tem como característica o declínio até a perda total do apetite sexual feminino.
Em entrevista a Marie Claire, algumas voluntárias em testes de pílulas que buscam tratar a falta de tesão, relataram suas experiências. Como a bancária de 38 anos, que está tomando flibanserina, uma pílula feita para tratar a falta de desejo sexual na mulher. O medicamento atua de forma bem diferente do Viagra (que age aumentar o fluxo de sangue para o pênis), já que seu efeito fica concentrado no cérebro. A droga age aumentando a dopamina e a norepinefrina (hormônios que participam da excitação sexual) e diminui a serotonina (que pode ser a responsável pela inibição da libido).
Depois de ter o primeiro filho, a bancária começou a perder o interesse sexual, e buscou até mesmo tratamentos homeopáticos, que não tiveram êxito. “Eu já não tinha o mesmo corpo, não me sentia sensual e a rotina de trabalho aumentou. Tudo isso me deixava sem disposição para transar.”
Algumas semana após se candidatar como voluntária para testar a flibanserina, ela já pode sentir um aumento da libido.
“Tudo melhorou em nosso casamento. Eu também mudei de atitude: me matriculei na academia e voltei a me sentir bem com meu corpo. O efeito da pílula atingiu vários setores da nossa vida”, diz ela.
Só que um ano após o início do tratamento com a flibanserina, o casal recebeu uma péssima notícia. O laboratório responsável pela droga cancelou o fornecimento do remédio. Eles foram informados de que a fase de testes estava encerrada e que teriam de aguardar a aprovação do Food and Drug Administration (o FDA, que cuida da regulamentação de remédios nos EUA). Após seis anos, a bancária ainda continua à espera.
Depois do sucesso do Viagra, Cialis e Levitra, as empresas farmacêuticas começaram a investir bilhões em medicamentos que prometem melhorar a performance sexual das mulheres, com a expectativa de obterem o mesmo sucesso. Só que, ao contrário do Viagra, que foi aprovado em seis meses, todos foram rejeitados pela FDA.
Segundo a advogada Terry O’Neill, presidente da Organização Nacional para as Mulheres, dos Estados Unidos, apesar do trabalho do FDA ser se preocupar com a segurança de novos medicamentos, existe um histórico bem longo de negligência quanto às necessidades femininas.
“Existe uma noção cultural de que as mulheres não precisam de desejo sexual”, afirma ela.
No Brasil, um levantamento feito pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, apontou que 65% das reclamações registradas no Ambulatório de Sexualidade da Ginecologia diz respeito a falta de libido. A instituição atende por mês 200 pacientes.
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