Quando o pessoal da UniRitter procurou a equipe digital da Rádio Gaúcha e do Roteiro da Sara propondo uma parceria para divulgar o novo curso de Gastronomia tive duas reações.
A primeira foi de alegria – quanto mais cursos que preparem e qualifiquem a cozinha e o serviço tivermos em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, mais teremos chance de despontar no turismo gastronômico. A segunda foi de desafio – queria fazer um post que realmente provocasse os alunos de Gastronomia a pensar e se qualificar na profissão que estavam escolhendo.
Fui conversar com o Felippe Sica, que além de um super chef, com experiência em restaurantes, eventos e consultoria de restaurantes, é também um amigo querido e com quem várias vezes troquei ideias sobre a formação dessa turma que está chegando ao mercado. Ele deu várias dicas pros vestibulandos que ainda estão decidindo o que cursar – e para quem já está estudando e quer ser qualificar:
COMPROMETIMENTO E MÃO NA MASSA
Quem chega novo em uma cozinha encontra uma equipe. É preciso se comprometer com o trabalho, fazer parte do todo.
Pra ser chef, com todo o merecido glamour que o termo leva, é preciso ser cozinheiro. Todo chef já foi cozinheiro e sabe colocar a mão na massa (e em qualquer outro prato) quando for preciso. Ele organiza a cozinha, cuida das compras, faz cardápio, escalas, coordena uma brigada praticamente mas também vai pro fogão, monta pratos, testa receitas. São poucos estabelecimentos no Brasil que têm um chef exercendo só a função executiva (isso acontece geralmente em hotéis ou grandes redes de restaurantes).
NÃO ESPERE O FINAL DA FACULDADE PARA A PRÁTICA
Não esqueça que um chef é parte teoria (muito importante) e parte prática (igualmente importante). As duas não andam sozinhas. O aprendizado não acaba nunca, é eterno. Portanto, procure estágios em bons restaurantes desde o início, mesmo os não curriculares. Passe por todos os setores de uma cozinha. Aprenda, aprenda, aprenda. Fique pelo menos um ano (ou mais!) em cada lugar. Compre livros, viaje. Saia da zona de conforto e prove coisas novas. Assim como na medicina, jornalismo e outras profissões, o recém formado terá um longo caminho pra se tornar um chef. Portanto, comece cedo. Uma pessoa precisa de 6 a 7 anos de experiência para tocar uma cozinha de verdade.
INQUIETUDE E CURIOSIDADE PELOS SABORES
Um chef é inquieto, tem carisma e liderança e é perseverante. Essas quatro características são importantíssimas para que a busca pelo novo, pela criatividade, seja permanente. E nessa busca ele precisa levar consigo toda uma equipe de cozinha. Portanto, seja humilde e veja nos seus colegas seus parceiros. Um chef sozinho pouco consegue fazer.
É PRECISO COMER DE TUDO?
Claro que não é possível gostar de tudo, uma vez que as preferências do nosso paladar têm muito de memória afetiva construída na infância. Mas um bom chef ao menos prova de tudo um pouco. Saber o sabor, aroma e textura dos alimentos faz parte da profissão.
E QUEM NÃO APRENDEU A COZINHAR EM CASA, APRENDE NA FACULDADE?
Sica afirma que sim. A experiência familiar é um bom início, claro (ele mesmo teve pais e avós que sempre cozinharam, e muito antes de pensar em ser um profissional Sica já se aventurava nas panelas). Mas os franceses decodificaram as técnicas culinárias – e os cursos seguem essa cartilha desde sempre. Aprende-se tudo, até pegar na faca.
FEIRINHA DA ESQUINA OU CAVIAR IMPORTADO?
É claro que produtos exclusivos serão usados em alguns momentos do seu trabalho. Mas a dica é entender os ciclos de sazonalidade e valorizar o produto local. Chefs e cozinheiros precisam ter orgulho dos produtos da nossa terra.
O VESTIBULAR PRA GASTRONOMIA DA UNIRITTER
Esse post tem o apoio e a parceira da UniRitter, que nesse sábado, dia 12 de dezembro, tem vestibular pro primeiro curso de Gastronomia da Universidade. O curso total tem 5 semestres (dois anos e meio) e tem opções manhã ou noite e acontece no Campus FAPA (Manoel Elias, 2001 – Porto Alegre). As incrições vão até sexta-feira por esse link.
Estive lá ontem pra conversar com o pessoal e descobri que os insumos locais estão por lá mesmo – desculpa aí, gente, mas descobri um parreiral de uva em meio ao Campus da UniRitter e precisei fazer essa foto:
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