Urucum: onde sabor e paraíso se encontram

Há algumas semanas, no primeiro final de semana cheio de calor desse inverno, tive uma tarefa árdua: fui convidada para conhecer o Restaurante Urucum, na Praia do Rosa, em Ibiraquera (que na minha adolescência teimava que fazia parte de Garopaba, praia do meu coração).

Fiquei hospedada no Solar Mirador, um resort incrível que tem o Urucum como restaurante – que também é aberto ao público.

E a história do Urucum se mistura com o do Solar não apenas comercialmente: quando o chef Rafael Miralha chegou na primeira vez ao Rosa, foi ali, do lado do resort – na época uma pousada modesta – que ele avistou aquele mar pela primeira vez. E foi amor à primeira vista.

chef Rafael Miralha

Rafael ainda viajou pelo mundo antes de abrir o Urucum. Trabalhou com gastronomia em outros países até que resolveu sentar casa e panelas na Praia do Rosa. Hoje o Urucum é parte do grupo de restaurantes que representam uma cozinha de alto padrão – outro atrativo turístico para um espaço que já tem belezas naturais a encher os olhos.

Vista do restaurante Urucum e do deck do Solar Mirador

No final de semana que fiquei por lá tive a oportunidade de provar vários pratos que são destaque no cardápio. Alguns no jantar, outros durante o almoço. Vou mostrar a partir de agora cada uma.

Cheguei na noite de sexta-feira. Era a blue moon (lua azul) e tive o primeiro impacto: a lua nascia no mar.

Tinha decidido ir sozinha para descansar e trabalhar – como amo o que faço, as duas coisas são praticamente a mesma coisa.

Fui ao quarto, descansei um pouco das cerca de seis horas de carro e fui jantar. O lugar é lindinho!

Aquela mesinha ali da direita virou minha favorita. A vista para a praia, mesmo à noite, é de tirar o fôlego.

Aí foi a hora de fazer o pedido. Queria começar com ostras frescas – é das minhas entradas preferidas. Infelizmente naquele final de semana o fornecedor não foi muito caprichoso com a apresentação do produto e o chef Rafael vetou a compra. Todos os frutos do mar e peixes são analisados pessoalmente pelo Rafael. Se não estiverem exatamente como ele quer, não compra.

Então resolvi começar com outro destaque do lugar: casquinha de siri.

E casquinha de camarão.

Para acompanhar, meia garrada de um Savignon Blanc chileno Portal del Alto.

Queria provar o risoto Ilha do Mel, o grande prato do lugar. Mas o garçom avisou – era para duas pessoas e eu ia sofrer para comer. Ok, ele não me conhece, mas resolvi ouvi-lo. Deixei para o dia seguinte, quando provavelmente estaria esfomeada depois de um dia inteiro na praia.

Resolvi então por um bobó de camarão rosa (esse, sim, com opção para meia porção). Acompanhava farofa e arroz.

Gente… isso é meia porção.

Nem preciso dizer que meu sono foi lindo aquela noite, certo?

E merecido. Porque no dia seguinte, o café da manhã – também no Urucum – me esperava…

Aí fiquei na dúvida – aproveitava o deck do Solar…

Ou descia pra praia?

Ah, pra praia, é claro. Mas confesso – fiquei um pouquinho ali em cima, curtindo a vista…

E então, para a praia eu fui!

Após descer as escadarias do Solar, um barqueiro leva os hóspedes pela lagoa até a beira da Praia do Rosa

Tive muita sorte porque Porto Alegre pipocou no Rosa aquele dia.

Inesperadamente encontrei meu amigo do coração, o Xarão, na beira da praia. No meio da tarde carreguei ele comigo para o Urucum – precisava de companhia para degustar o Risoto Ilha do Mel.

Mas a gente começou com ceviche.

Ele é bastante suave. Portanto, se você gosta de um sabor mais ácido, avise o garçom. O chef Rafael nos explicou que mesmo que ele também prefira mais picante, os clientes, em geral, gostam do ceviche mais suave.

Aí foi a hora de pedir um vinho para acompanhar: o Xarão disse que eu ficasse super à vontade para surpreendê-lo e eu adorei a oportunidade de harmonizar o almoço com um Torrontés argentino. Um dos meus vinhos brancos preferidos – e com uma mineralidade ótima para acompanhar frutos do mar.

Aí foi a hora do melhor prato do lugar: o Risoto Ilha do Mel.

Apenas que não há como explicar. Só de lembrar ainda sinto aquele sabor perfeito.

O polvo, camarões e lula em um arroz arbóreo preparado com cachaça envelhecida e temperos como pimenta… fica um adocicado picante no fundo.

Gostei tanto que acabei repetindo o prato no almoço do dia seguinte. Sei que deveria experimentar outros sabores, afinal esse é meu trabalho, mas era a despedida e eu precisava dizer até logo para essa maravilha…

Para acompanhar, a pimentinha especial. Vai com calma. É só o que eu digo. Muita calma nessa hora…

Ah, outra entradinha saborosa: lulas à dorê.

Aquela noite também jantei por lá, é claro.

Aí pedi uma entrada sugerida pelo Rafa: salada de salmão e shitake. Não tinha muito shitake, mas o salmão quase me fez chorar de novo. De emoção.

Para jantar? Moqueca Urucum: robalo, camarão rosa, lula e polvo.

Ela vem fumegando na panela de barro. Tudo é servido em panela de barro do Espírito Santo – o que faz com que a comida permaneça quente e com as propriedades do momento em que foi preparada. Olha os acompanhamentos:

No sábado também tem música ao vivo.

Naquela noite fui de suco e não comi sobremesa. Mas vou mostrar a sobremesa da tarde: as duas mais perfeitas e diferentes que só tem no Urucum.

Esse é uma releitura do açaí que tem toda a cara de beira de praia: creme de tapioca com açaí e farofa de castanha.

E esse, de acordo com o Xarão, a sobremesa mais divertida de todos os tempos! Torta de macaxeira com sorvete de pitanga e calda de pimenta rosa.

O espaço do hotel é exclusivo aos hóspedes – portanto, para sentar no deck para almoçar ou jantar é preciso estar hospedado no resort. Mas o espaço interno – e a vista do restaurante – não deve nada ao lado externo.