Saí cedo de casa nesse domingo com o plano de fazer um post sobre o Comida de Rua ainda lá da Praça da Alfândega. Assim, os leitores poderiam aproveitar até as cinco da tarde pra conferir os lanches.
Chegando me dei conta que não seria tão fácil. Era passado pouco do meio-dia – o evento tinha começado às onze – e as filas aumentavam minuto a minuto. Resolvi então observar e curtir o evento e relatar na volta pra casa.
A primeira coisa que preciso contar é que não fui em nenhuma das sete edições anteriores. Sempre acontecia alguma coisa e eu acabava deixando para a próxima vez. Sabia que a comida era muito boa e que amigos queridos e competentes tinham suas banquinhas: o Julio, do Raven, o Rodrigo e a Letícia, professores do SENAC, o pessoal da Creäm. E também sabia que algumas barraquinhas eram mais concorridas e era preciso ser rápido – as porções podiam acabar no meio do evento. E não são poucas – cada barraquinha vem preparada pra servir em média 300 lanches.
O pessoal trabalha incessantemente. Fui testemunha: não tem como vencer as filas. A cada lanche que sai na banquinha, outras quatro pessoas já se posicionaram no final daquele grupo.
Até pra tirar fotos foi complicado. Não queria atrapalhar o pessoal – nem a fome dos comensais!
Comecei, então, a observar a dinâmica das barraquinhas. Algumas comidas podem ser trazidas quase prontas. É o caso do salmão assado com couscous marroquino do Julio. Leva damascos castanhas e uvas passas e tem versão vegetariana com cogumelos frescos.
É gostoso e de rápido preparo.
Já o sanduba de porco pururuca com maionese de batata doce da Arika Messa leva mais tempo.
Mesmo que o leitão à pururuca já seja trazido pronto, ele precisa ser aquecido em um forno elétrico, cortado e montado no pão.
A mesma situação vivem os chefs que oferecem burgers do Comida de Rua.
O Rodrigo Camara, por exemplo, tinha filas e filas pra provar o seu Sexy Hot Burger. Fritar o hambúrguer, aquecer o pão (por sinal, o Pãozeiro foi responsável pelos pães de praticamente todas as bancas por onde passei) e montar o sanduba.
Dito tudo isso, vocês podem pensar “Ah, tá, Sara, muito fácil falar de observadora. Queria ver você na fila, mais de uma hora, morrendo de fome!“.
Como sabia que esses comentários surgiriam, e como precisava saber como ia me sentir, vou contar que fui pra fila. Fiquei mais de uma hora na mais longa de todas: essa aqui.
Eu, um amigo e duas amigas não estávamos com pressa. Tomamos uma ceva (enquanto dois ficavam na fila, outros dois buscavam)…
… ok, tomamos duas, porque em uma hora… não vou mentir pra vocês, não é?
A verdade é que quando chegou na nossa vez, vi que eles faziam seis por vez, e ainda assim, era demorado porque tinha muita muita muita gente!
Mas valeu a pena esperar. Era incrível. Esse hambúrguer, gente… dos melhores que já provei. O tempero, textura e sabor da carne… comeria de novo. Vários.
Desse hambúrguer, passei pra outro. Vou mostrar o preparo, pra ver se vocês adivinham do que é. Não vale correr o post. Tenta adivinhar antes.
Lindo, não?
E saboroso.
Um hambúrguer de sorvete absurdamente delicioso.
Esse é o meu sabor preferido: hambúrguer de sorvete de cream cheese com calda de goiabada. Sim, o que parece catchup é goiabada.
Sabe o que lembra? Um pão caseiro com nata e schimier de goiaba. Só que a nata é doce e está gelada. Sério, outro que comeria vários. Ainda bem que me controlei (médio). Cheguei a tirar uma foto minha traçando esse sanduba, mas a divulgação dela foi proibida por motivo de voracidade desesperada registrada em imagens.
Mas será que tem jeito de não ter tanta fila quando se fala de comida de rua?
Antes de ir embora, fui conversar com o Rodrigo Paz, o organizador do Comida de Rua que também tem sua barraquinha lá. Perguntei pra ele sobre as filas. O que ele disse foi que a cada edição alguma coisa é feita para diminuir a espera. Nessa, por exemplo, eram 16 bancas em um espaço muito maior – a Sepúlveda, em meio à Praça da Alfândega. Já haviam saído da República por falta de lugar – agora, ali no Centro também já está ficando pequeno. Outra mudança foi que cada banquinha passou a receber pagamento em dinheiro. Antes, todas as compras de tickets deveriam ser feitas no caixa central – o que aumentava a espera. Agora, só cartão precisa passar por lá.
Só que a cada edição também aumenta o público. O que é uma boa notícia: o portoalegrense está compreendendo melhor a proposta de uma comida que por ser preparada na rua não significa fast food. São ingredientes com mais qualidade, pratos pensados com criatividade e muito cuidado na hora do preparo. Os valores dessa feira ficaram em torno de doze reais cada lanche.
Pensei, pensei, e não vi como ser mais rápido o atendimento de cada banca. Eles já são super organizados e trabalham em equipe/mutirão. O que me dei conta é que parece haver uma demanda de público para empreendimentos como esse. Não é só pensar – ah, vou pra rua cozinhar. É levar mais do que ingredientes pra barraquinha: carinho, gosto pelo que faz e paciência também. Tanto de quem está de um lado do balcão, esperando pela comida, como de quem está do outro, preparando e oferecendo o alimento.
E quer saber? Disso tudo dito, de todas as filas que acompanhei, não escutei uma reclamação pela espera. O que mostrou que o pessoal parecia entender o processo e estava disposto a esperar para comer bem.
Então, longa vida a esse momento que faz com que os chefs tragam seu expertise para fora dos restaurantes, democratizando o acesso à gastronomia!
Quer saber mais sobre o Comida de Rua e saber quando é o próximo evento? Clica aqui.
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