Entrar em uma vinícola familiar na Serra Gaúcha é como visitar uma família italiana. Você é recebido com um abraço apertado, te mostram a casa com alegria e não há como sair de lá sem provar o vinho local e alguma coisa pra acompanhar.
Foi essa a experiência que tive no último sábado quando fui à Vinícola Dal Pizzol, no Distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves. O lugar é parte da Rota Cantinas Históricas – ou seja, foi nessa região que começaram as primeiras vinícolas.
A família está no ramo há treze gerações. Sete delas no Vêneto, na Itália, e as outras seis no Brasil. A Dal Pizzol tem quarenta anos e o espaço onde recebe os turistas é uma área de 80 mil metros quadrados que foi transformada em um Ecomuseu da Cultura do Vinho.
A Dal Pizzol é dirigida por dois irmãos. Rinaldo, que também é diretor do Instituto Dal Pizzol, é um deles.
O caçula, Antônio, também dirige a vinícola.
Museu porque reúne materiais históricos da história dos imigrantes italianos. Olha só que legal o espaço:
As garrafas são históricas e foram guardadas com o conteúdo original. “Arte”do seu Rinaldo essa coleção – que quase o tirou de casa:
– Chegou uma hora que a mulher avisou: ou eu, ou as garrafas.
E põe garrafas nisso!
Além dos vinhos gaúchos e brasileiros, também existem raridades internacionais. Olha essa
Sim. Uma Möet & Chandon de 1969.
O espaço também tem artefatos antigos.
Eu preciso apresentar pra vocês essa mina de ouro: a Enoteca.
Acredite: os Dal Pizzol, visionários, guardam alguma garrafas de vinhos das suas melhores safras há décadas.
A família explica que foi uma tentativa, uma experiência. E não é que deu certo? Eles têm verdadeiros tesouros. E me emocionei quando o seu Antônio, no meio do almoço (daqui a pouco vou falar sobre ele), foi até a enoteca e voltou com essa raridade:
Um Merlot 1991. Uma das melhores safras da uva. E quer saber como estava?
Perfeito. Claro, com as qualidades de um vinho de guarda. E com a emoção de beber história. É quase impossível explicar – é preciso viver, entender que havia naquela garrafa um líquido vivo, muito vivo, porém adormecido.
Coube ao Dirceu Scottá, enólogo chefe da vinícola (que exatamente em 1991 entrou na Dal Pizzol como estagiário, fazendo de tudo um pouco) acordar aquele vinho gigante. Sério, eu escrevo sobre isso e me arrepio lembrando. Que momento!
Aves vivem livres em todo o parque
Mas vamos falar um pouco mais sobre o Ecomuseu. Vários animais vivem soltos pelo local. A gente sai caminhando e encontra a maior parte deles, super tranquilos…
Falando em tranquilos, os gansos são donos do lugar. Sabe pra onde estavam indo? Conferir se não havia algum agradinho na cozinha. Sabiam que o almoço estava quase pronto, vai que, né…
E fique atento: você pode estar caminhando e se deparar com uma pata chocando ovos em meio às plantas:
… ou dentro de uma churrasqueira!
O Vinhedo do Mundo
O local também tem Vinhedo do Mundo. Uma bem organizada coleção de cerca de 400 variedades de uvas de 30 países.
A vindima já tinha passado, mas alguns cachos ainda estavam nas videiras. Gente, eu comi tanta, mas tanta uva! E de tipos que só conhecia na garrafa de vinho. Parecia uma criança correndo entre os parreirais. Felicidade pegar a uva do pé. Felicidade estar num lugar assim, tão cheio de vida e história!
Hoje o Vinhedo do Mundo é considerado uma das três maiores coleções de uvas privada do planeta, a maior da América Latina. Desde 2005, quando começou a ser desenvolvido, o projeto conta com o apoio da Embrapa Uva e Vinho e de entidades internacionais que mandam exemplares para serem cultivados na vinícola. Todos os anos, desde 2011, a vinícola realiza a colheita simbólica. Na quarta edição, no ano passado, a Dal Pizzol proveitou para lançar o Vinum Mundi 2013, vinho produzido a partir das uvas colhidas no Vinhedo.
Almoço harmonizado
A Dal Pizzol serve para grupos ou em eventos um almoço harmonizado com os vinhos do local. O chef mora na própria localidade – Faria Lemos – e a comida é incrível.
Algumas das delícias.
Os vinhos da harmonização:
Agora, o meu preferido foi esse aqui:
No site da Dal Pizzol você pode saber mais sobre os vinhos: clique aqui. Os valores ficam entre R$ 27 (Cabernet Franc) até R$ 65 (Enoteca). A linha 40 Anos (que celebra as quatro décadas da empresa) tem o vinho a R$ 90 e o Espumante Nature a R$ 130
Dal Pizzol Vinhos Finos – Adega e Ecomuseu da Cultura do Vinho
Endereço: RS 431, Km 5,3 – Distrito de Faria Lemos, Bento Gonçalves, RS
Telefone: (54) 3449-2255
E-mail dalpizzol@dalpizzol.com.br
Atendimento de segunda à sexta das 09h às 11h40 e das 13h30 às 17h. Aos sábados, domingos e feriados das 10h às 16:30h.
A visita ao Ecomuseu não é cobrada
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