Ao longo de seus 50 anos de carreira, David Gilmour nunca se demonstrou constrangido ao criticar o próprio trabalho. Pelo contrário: pode-se dizer que o guitarrista e vocalista do Pink Floyd já foi visto mais vezes falando mal do que elogiando suas obras.

Um exemplo disso é a canção “The Narrow Way”, que escreveu sozinho para o álbum “Ummagumma”, lançado em 1969. Em entrevista à revista Sounds Guitar Heroes, no ano de 1983, o músico desceu a lenha sem dó.

“Bem, tínhamos decidido fazer o maldito álbum, e cada um de nós fazer uma música por conta própria… era só desespero mesmo, tentar pensar em alguma coisa para fazer. Eu nunca tinha composto nada sozinho antes, apenas entrei em um estúdio e comecei a tagarelar, compilando partes que estavam soltas”, declarou.

Ouça a faixa abaixo:

Os discos do Pink Floyd que David Gilmour menos gosta

Sendo coincidência ou não, “Ummagumma” é considerado um dos piores discos da banda por Gilmour. Em 2001, ele declarou à revista Mojo:

“Foi um trabalho feito no desespero. Nunca havia composto sozinho antes. Entrei em estúdio e comecei a juntar pedaços de músicas. Não o escuto há anos, nem tenho ideia mais de como soava”, afirmou.

A impressão é ainda pior quando se trata do trabalho seguinte, “Atom Heart Mother” (1970).

“Tínhamos boas ideias, mas o resultado foi pavoroso. Escutei recentemente e, meu Deus, é uma merda. Possivelmente nosso ponto mais baixo em termos artísticos. Ainda bem que melhoramos bastante depois dele”, comentou.

Em 1995, Gilmour reafirmou a autocrítica ao jornal alemão Der Spiegel.

“Eu acho que ambos são horríveis. Bem, o disco ao vivo de ‘Ummagumma’ pode ter algo legal, mas mesmo ele não está bem gravado”, enfatizou.

Sobre “Atom Heart Mother”

Apesar de tudo, “Atom Heart Mother” triunfou. O quinto trabalho de estúdio se tornou o primeiro do Pink Floyd a alcançar o topo da parada inglesa. Além disso, arrematou cinco discos de ouro e um de platina mundo afora.

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