Você leu certo: Rory Gallagher quase esteve nos Rolling Stones. O guitarrista irlandês foi cogitado para substituir Mick Taylor e, por pouco, não ficou com a posição que Ronnie Wood ocupa há quase meio século.

Em dezembro de 1974, Mick resolveu deixar os Stones. Apesar de ter gravado clássicos como “Let it Bleed” (1969), “Sticky Fingers” (1971) e “Exile on Main St.” (1972) no auge da banda, o guitarrista não se sentia tão à vontade e pulou fora.

Mick Taylor, primeiro guitarrista do The Rolling Stones, na década de 70

RORY GALLAGHER NO RADAR DA BANDA

Com a saída do colega, Mick Jagger e Keith Richards foram em busca de um novo nome para o cargo. Jeff Beck e Peter Frampton foram alguns dos que entraram no radar da dupla, assim como Rory Gallagher.

O irlandês já era conceituado nessa época, seja pelo início promissor com a banda Taste ou pelos discos solo como “Deuce” (1971) e “Tattoo” (1973). Talentoso e dono de uma técnica invejável, foi exaltado por ninguém menos que Jimi Hendrix como “o melhor guitarrista do mundo” durante entrevista ao programa de televisão de Mike Douglas.

De acordo com seu irmão e road manager, Dónal Gallagher, o convite para uma audição com os Stones foi feito por telefone, no fim de 1974, quando o guitarrista estava com a família, na Irlanda. Ele contou a história ao jornal inglês The Telegraph:

“Já era quase uma hora da manhã. Naquela época, se a ligação fosse do exterior, tinha que passar pela operadora. Ela disse à minha mãe que estava transferindo. Eu atendi. O cara disse: ‘Meu nome é Ian Stewart… estou procurando Rory Gallagher’”, contou.

Ian Stewart era road manager dos Rolling Stones. Segundo Dònal, Rory tinha ido dormir mais cedo naquela noite e duvidou quando o irmão o acordou contando sobre o convite.

“Eu disse: ‘Rory, você não vai acreditar. Eu estava no telefone com Ian Stewart. Os Rolling Stones querem você!’. Ele pensou que era brincadeira porque eu sempre pregava peças nele. Eu tive que convencê-lo. Eles queriam que Rory fosse para Roterdã, na Holanda, começar a gravar”, recordou.

O INÍCIO (E RÁPIDO FIM) DE UM SONHO

Rory Gallagher embarcou para Roterdã em janeiro de 1975. Os Stones já estavam em meio às gravações de seu próximo disco, “Black and Blue” (1976). O período no estúdio serviu também para audições com novos guitarristas.

Nessa, o irlandês fez algumas jams com a banda e parecia o nome preferido, pelo menos da parte de Mick Jagger. Porém, faltava o aval de Keith Richards, segundo o irmão explicou à Eon Music:

“Eles fizeram sessões ao longo dos dias, mas Mick e Keith não se falavam muito naquela época. Então, Rory disse: ‘Por favor, me mantenha informado com relação ao que está acontecendo, pois tenho que pegar um avião para Tóquio amanhã’. E Mick disse: ‘Keith quer ter uma boa e longa conversa com você. Ele está esperando em uma suíte no andar de cima’. Rory subiu, mas Keith estava desmaiado na cama”, declarou.

Segundo o irmão, Rory ficou acordado a noite toda, voltou a cada meia hora e tentou falar com Keith, que depois já não estava mais lá. Então Rory decidiu ir embora, arrumou suas coisas, pegou a guitarra e amplificador e foi se encontrar com ele no aeroporto de Heathrow, em Londres.

Por fim, Ron Wood foi o substituto de Mick Taylor.

Rory Gallagher

A entrada nos Rolling Stones ficou no “quase”, mas Rory Gallagher permaneceu como um dos nomes mais reverenciados no blues rock. O guitarrista faleceu em 1995, em Londres, aos 47 anos, por complicações pós-operatórias depois de um transplante de fígado.

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