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Julian Lennon, primeiro filho de John Lennon, não teve a sorte de viver suas melhores experiências com o pai. Apesar do sangue do Beatle correr em suas veias, a relação próxima de pai e filho nunca aconteceu. Após sofrer muito com a separação entre Lennon e Cynthia Powell, sua guarda ficou com sua mãe. E o músico priorizou sua dedicação a sua vida pessoal e profissional ao lado de Yoko Ono.

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Em 1980, Lennon fez uma entrevista para a revista Playboy com o jornalista David Sheff, que perguntou sobre sua relação com Julian. O músico relatou que podia vê-lo nas férias e que ainda existia um vínculo entre eles. E quem decidia em relação às visitas era somente ele, pois o jovem ainda era menor de idade. O jornalista perguntou também se ele não se preocupava em estar sendo sincero demais e acabar machucando Julian com suas palavras, e ele respondeu:

“Não vou mentir para Julian. Noventa por cento das pessoas neste planeta, sobretudo no Ocidente, nasceram por causa de uma garrafa de uísque num sábado à noite, quando não havia intenção nenhuma de ter um filho. Assim sendo, noventa por cento de nós – isso inclui todo mundo – somos acidentes. Não conheço ninguém que tenha tido um filho planejado. Todos nós fomos especiais de sábado à noite. Julian faz parte da maioria, junto comigo e todo o resto. Sean é um filho planejado, e aí reside a diferença. Não amo menos o Julian como filho, mesmo que tenha nascido de uma garrafa de uísque ou porque não existia a pílula naquela época. Julian está aqui, ele me pertence e sempre pertencerá.”

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Cynthia escreveu seu segundo livro e Julian produziu a introdução, abrindo seu coração sobre como se sentia em relação ao pai, sobre suas mágoas e como era sua vida sendo filho de John Lennon. Confira abaixo uma parte do texto de Julian:

“Crescer como filho de John Lennon foi um caminho árduo. Ao longo da minha vida, várias pessoas já me disseram: “Eu amava seu pai”. Eu sempre sou acometido por uma grande mistura de sentimentos quando ouço isso. Sei que papai foi um ídolo para milhões de pessoas que cresceram amando sua música e seus ideais. Para mim, contudo, ele não era um músico ou um ícone da paz, mas o pai que eu amava e que me decepcionou de muitas formas. Depois de 5 anos, quando meus pais se separaram, eu o vi poucas vezes. Quando nos encontrávamos, ele se mostrava distante e intimidador. Cresci ansiando por mais contato, mas me sentia rejeitado e pouco importante em sua vida.

Papai foi um grande talento, um homem extraordinário que defendeu a paz e o amor no mundo. Porém, ao mesmo tempo, era muito difícil para ele mostrar um pouco de paz e amor pela sua primeira família – minha mãe e eu. Em muitos relatos de sua vida, eu e mamãe ou somos dispensados ou, na melhor das hipóteses, tratados como coadjuvantes insignificantes, o que, infelizmente, é algo que acontece até os dias de hoje. Entretanto, minha mãe foi seu primeiro grande amor e esteve com ele durante metade de sua vida adulta, da faculdade de arte à gênese dos Beatles, e posteriormente, ao seu avassalador sucesso mundial.

É por isso que me sinto tão feliz por ela ter decidido escrever o seu lado da história. Mamãe passou muito tempo sendo considerada apenas uma nuvem de fumaça que passou pela vida de papai, o que simplesmente não é verdade. Agora chegou a hora de esclarecer os fatos. Há muitas coisas que nunca foram ditas, muitas histórias que nunca foram contadas. Se é para haver uma imagem equilibrada da vida de papai, então há uma grande dívida para com o lado de mamãe na história.”

Julian foi abordado em 1999 por dois turistas em uma praia. A conversa foi gravada e o rapaz parecia muito à vontade, abrindo seu coração.  Julian contou como foi sua vida enquanto seu pai estava vivo.

O vídeo foi disponibilizado e legendado pela Beatles Fan Brasil. Assista: