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Aquarius, segundo longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça Filho (O Som ao Redor), tem estreia nacional dia 1º de setembro. O filme teve sua estreia mundial na França, como parte da seleção oficial competitiva do festival de Cannes e ganhou o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Sydney há uma semana. O longa também participou do Festival de Karlovy Vary (república Tcheca), do Festival Internacional de Cinema da Nova Zelândia, e do Festival Internacional de Cinema de Melbourne; e em agosto, estará no Festiva de Sarajevo, na Bosnia.

No filme, conhecemos a história de Clara (Sonia Braga), uma escritora e jornalista aposentada, moradora do edifício Aquarius, último de estilo antigo na beira mar do bairro de Boa Viagem, no Recife. Dona de um apartamento repleto de discos e livros, ela precisa lidar com as investidas de uma construtora que pretende demolir o Aquarius e dar lugar a um novo empreendimento. Também estão no elenco Maeve Jinkings (O Som ao Redor), Irandhir Santos (O Som ao Redor), Humberto Carrão, Zoraide Coleto, Carla Ribas (A Casa de Alice), Paula de Renor, Fernando Teixeira (Baixio das Bestas), Barbara Colen, Daniel Porpino, Julia Bernat (Aspirantes), Pedro Queiroz, entre outros.

Aquarius é produzido por Emilie Lesclaux (CinemaScópio Produções), em coprodução com a SBS (França), Videofilmes e Globo Filmes, a partir de investimento do BNDES e incentivo do Funcultura Pernambuco, além do patrocínio da Petrobrás para sua distribuição. O filme tem distribuição no mercado brasileiro da Vitrine Filmes.

Assista ao trailer:

ENTREVISTA COM KLEBER MENDONÇA FILHO

Como nasceu o projeto? Qual foi o elemento que deu origem à história?

“Eu queria fazer um filme sobre arquivos, ou talvez este seja um primeiro passo para fazer um outro filme sobre guardar coisas, ou sobre a discrepância que há entre documentos e lembranças. E me pareceu que seria interessante ter num prédio e numa pessoa, os dois mais ou menos da mesma idade, personagens de uma história, os dois ameaçados, de certa forma. Aquarius vem de uma série de coisas, como geralmente acontece. Houve, por exemplo, algo que a principio pode não ter muita importância, mas hoje eu diria que tem: uma onda de telefonemas que passei a receber na minha casa, ligações comerciais que tentavam me vender cartões de crédito, seguros de saúde, TV por assinatura, jornais, algo muito comum. Eu me sinto atacado por um mercado que força as pessoas a comprarem aquilo que elas não querem.”

O personagem de Clara foi o eixo principal do roteiro desde o início?

“Sempre. Uma mulher, sexagenária, viúva, dona de um lindo apartamento simples num prédio antigo. Eu nunca, em momento algum do desenvolvimento do roteiro, tentei “cortar para” a construtora, ou ‘cortar para’ Diego, por exemplo, mostrá-lo vivendo a sua vida ou participando de alguma reunião com seus colaboradores na construtora. Desde sempre que Aquarius estaria colado em Clara, estaríamos com ela sempre e o ponto de vista do quadro é, na maior parte, o dela. Os contatos com os outros dão-se através dela, por eles se aproximarem, baterem na sua porta, virem procurá-la ou ela ir falar com outras pessoas. Colar em Clara, acredito, gera uma sensação de instabilidade ou talvez insegurança, pois sabemos que ela está sozinha no prédio e não sabemos exatamente quais os planos da construtora, o que estão fazendo, do que são capazes.”

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FICHA TÉCNICA

Roteiro e Direção: Kleber Mendonça Filho
Produção: Emilie Lesclaux (CinemaScópio)
Produção: Saïd Ben Said e Michel Merkt (SBS, França)
Coprodução: Walter Salles (VideoFilmes) e Globo Filmes
Produtor associado: Carlos Diegues
Produção Executiva: Dora Amorim
Direção de Fotografia: Pedro Sotero e Fabrício Tadeu
Montagem: Eduardo Serrano
Direção de Arte: Juliano Dornelles e Thales Junqueira
Figurino: Rita Azevedo
Caracterização: Tayce Vale
Som direto: Nicolas Hallet
Desenho de Som: Ricardo Cutz
Distribuição no Brasil: Vitrine Filmes