Ian Ramil

 Álbum autoral será lançado hoje à noite no Theatro São Pedro

Talento, musicalidade e uma harmonia de arranjos poderiam definir de forma singela o début de Ian Ramil. Aos 28 anos, o músico gaúcho que faz show de lançamento hoje no Theatro São Pedro, ainda se destaca pelas letras rascunhadas desde guri, quando ganhou a primeira guitarra e de dois acordes fez a primeira canção.

No último final de semana, dias 24 e 25 de maio, ele apresentou o álbum Ian nas cidades de Pelotas e Rio Grande. Na volta a Porto Alegre, Ian Ramil recebeu a equipe da Itapema em seu apartamento para falar sobre sua história, o primeiro álbum autoral e as parcerias nesse trabalho. Confira abaixo o bate-papo com a comunicadora Aline Ellwanger.

Quando começou a história com a música?
Eu ganhei a primeira guitarra quanto tinha 11 anos. Sabia fazer dois acordes e fiz a primeira música. Nunca mais parei. Segui tocando em casa, com os amigos e no colégio lá em Pelotas, onde também descobri o gosto pelo teatro em uma disciplina optativa.

Chegou a desenvolver essa paixão pelo teatro?
Depois da escola voltei a Porto Alegre pra fazer jornalismo. Passaram dois anos e comecei a cursar Artes Cênicas na UFRGS em paralelo. Foi aí que me dei conta que gostava mais de uma coisa do que outra. Então abandonei a faculdade de jornal e fiquei só com o teatro. Durante quatro anos trabalhei nessa área, atuando e dirigindo espetáculos e curtas aqui em Porto Alegre e também em São Paulo.

Como aconteceu o retorno para música?
Mesmo envolvido com o teatro continuei tocando e compondo. Em 2010, lá pelo quarto ano da faculdade, eu e dois amigos (Eduardo Mendonça e Léo Aprato) criamos o projeto chamado Descoletivo. Nos encontrávamos nos finais de semana nos churrascos da galera e ficávamos tocando e compondo. Em um desses encontros, uma amiga nos convidou pra mostrar nosso som na galeria La Photo, aqui de Porto Alegre. Chamamos mais dois músicos pra tocar bateria e baixo e fizemos a primeira apresentação com as nossas composições. Nesse dia, depois do primeiro show, percebi que era isso o que eu realmente queria fazer. Eu gostava muito mais de poder dizer o que eu pensava e
escrevia do que o teatro ou atuar. E nesse mesmo momento percebi que as pessoas também se interessavam por aquilo que eu fazia. Foi aí que deixei as artes cênicas mais de lado e me aprofundei na música.

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E quando foi o primeiro show como músico Ian Ramil?
No final desse mesmo ano. Um amigo tinha uma data no Teatro de Câmara Túlio Piva e nos convidou. Chamei dois amigos músicos, Felipe Zancanaro e meu primo Thiago Ramil. Montamos um show só composições minhas.

A gravação desse primeiro disco aconteceu em 2012, em um estúdio de Buenos Aires. Algum motivo especial?
Sim. Eu queria gravar o disco com Matias Cella, músico argentino que também produziu os álbuns Amar La Trama e Cara B do Jorge Drexler. (Pra quem não lembra em 2013, Ian fez o show de abertura do músico aqui em Porto Alegre no Araújo Vianna. Ao final da apresentação dividiu o palco com o uruguaio ao lado do pai: Vitor Ramil). Enviei as músicas pra ele e depois fui pra Argentina gravar os arranjos com músicos de lá que eu conheci no primeiro dia de gravação.

E no show de lançamento de Ian, quem são os músicos que te acompanham no palco?
Tem uma big band. O Felipe Zancanaro na guitarra, Martin Estevez na bateria, Guilherme Ceron no baixo, Pedro Dom no clarinete e piano, Julio Rizzo no trombone e Jaime Freiberger no trompete. Minha prima Gutcha Ramil também faz uma participação especial, tocando violino mas faixas Seis Patinhos e Imã Ralo.

A arte da capa do disco também chama a atenção pela beleza dos desenhos e detalhes. Quem criou?
A capa do disco foi feita pelo Virgilio Neto, um ilustrador de Brasília, que também fez toda a parte gráfica do álbum. Ele criou as imagens de acordo com as faixas de Ian. Se tu prestar atenção, vai perceber que os desenhos revelam muito das músicas.Quando conheci o trabalho dele já fiz essa relação com o meu som. Tem um certo caos, muita informação. Faz um ano que olho pra essa imagem e sempre descubro um desenho diferente, algo que ainda não tinha enxergado antes. Mesmo assim não me canso de olhar.

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Algum carinho especial por uma das faixas do disco? Alguma história diferente ou bizarra?
É dificil dizer. Eu gosto muito…eu gosto delas, na verdade (risos). Talvez Suvenir seja uma das músicas com mais apego, por ser muito pessoal, composta na época em que eu não queria mais fazer teatro e estava pra me mudar para São Paulo. Surgiu durante uma das viagens à casa da minha vó, em Rosário do Sul.

E o videoclipe?
O videoclipe de Suvenir teve um processo parecido com a música. Foi surgindo aos poucos. Fui filmando com o celular as pessoas e os lugares que eu ia. Tinha uma ideia na cabeça mas não sabia se iria funcionar.Depois de captadas entreguei nas mãos da minha irmã Bel Ramil, que montou o vídeo com a minha direção. Gostei do resultado. Combinou com a composição. (Confira o clipe abaixo).

Qual o som que Ian Ramil ouve em casa?
Pra mim existe uma tríade em ordem cronológica: Beatles, Nirvana e Radiohead. São os sons que mais ouvi na vida. Mas sempre gostei muito de João Gilberto, Caetano Veloso, Morphine, Red Hot Chili Peppers, Miles Davis,Beck, Stevie Wonder, RATM… Muita coisa. Gosto bastante de Jazz. Quando me perguntam sobre as minhas influências, fico pensando onde me encaixo. Sempre ouvi muita música e sempre me permiti para novos sons.

O que o público porto-alegrense pode esperar do show?
Podem esperar um bom show (risos). Acho que vão se surpreender ao longo da apresentação. Por que eu gosto disso, gosto de ser surpreendido. Ah, e sobre o meu gosto musical? Posso dizer que fica mais ou menos nessa gama entre João Gilberto e RATM. (mais risos)

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Para ouvir e baixar o disco Ian, acesse o site do músico www.ianramil.com.

Ian Ramil apresenta Ian
Quando: 28 de maio
Onde: Theatro São Pedro
Horário: 21h
Ingressos:  R$15 Galerias R$20 Camarotes R$25 Plateia e Cadeira Extra à venda na bilheteria do Theatro São Pedro e pelo site www.compreingressos.com

Entrevista e texto: Aline Ellwanger e Denise Cruz