O talento de Ringo na música foi motivado pelo tédio. Sim, você leu certo: o contato inicial de Starr com um instrumento de percussão aconteceu durante sua estadia em um hospital, como forma de preencher o tempo livre. O baterista, nascido em 1940 em Liverpool, passou por diversos problemas de saúde durante a sua infância.

Sua primeira participação em um grupo musical foi na banda do hospital. Quando ganhou alta, Ringo teve dificuldade em se adequar ao ritmo escolar, então passou a ver a música como a sua salvação. Mesmo com problemas em arrumar emprego por conta da falta de disciplina, foi em um de seus trabalhos que Starr desenvolveu seu talento na bateria. Nas horas vagas que tinha em uma fábrica que trabalhava, o ex-Beatle tocava.

Em entrevista à AXS TV (via Rock and Roll Garage), Ringo garantiu ao entrevistador Dan Rather que aprendeu a tocar bateria sem qualquer prática. Todo o seu treino se dava em situações envolvendo outros músicos. Ou seja: nada de tocar sozinho.

“Odeio praticar, odeio ficar sentado treinando. Eu até tentei quando ganhei meu kit de bateria, mas foi a coisa mais chata de todas. Fiz todo o meu aprendizado com outros músicos, outras bandas. Tive sorte, porque havia muitos por perto e nem todos éramos grandes músicos. Estávamos aprendendo, então aprendi tudo com todos os outros da época em Liverpool.”

Em seguida, ele compartilhou algumas lembranças do período. Chegou a mencionar os nomes de alguns músicos com os quais tocava.

“O cara que morava ao meu lado na rua trabalhava na fábrica. Era Eddie Miles, um grande guitarrista. Era um daqueles caras que conseguia aprender a tocar qualquer coisa. Meu melhor amigo, Roy, tinha um baixo, eu tinha uma caixa de bateria e baquetas do tipo vassoura. Costumávamos tocar na hora do almoço, no porão da fábrica. Foi assim que comecei — e hoje estou aqui falando com você.”

Mas afinal, quem é o ícone de Ringo Starr?

Nesta mesma entrevista, Ringo afirmou que prioriza a composição e não somente a técnica na bateria ao criar suas linhas. Isso, segundo ele, vem de seu apreço pelas canções que escutava em seus anos de formação.

“Eu nunca ficava ali escutando o baterista. Quando ouvia os discos, prestava atenção em tudo. Tinha uma música do Al Green chamada ‘I’m a Ram’ e o cara (o baterista Al Jackson Jr) bateu bem alto ‘boom, boom, tiss’. É como mágica para mim.”

Al Jackson Jr

Segundo Ringo, ele se lembra destes momentos como se fosse ontem. Por fim, o músico voltou a destacar aquele que pode ter sido sua maior referência no aprendizado da bateria: Al Jackson Jr, baterista da Stax Records que trabalhou com Al Green, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Eric Clapton, Aretha Franklin, Rod Stewart, Bill Withers, Wilson Pickett, Leon Russell, entre vários outros.

“Al Jackson — sim, eu sei os nomes dos músicos e eles tocaram em ótimos discos. Mas não era como se eu estivesse prestando atenção na bateria.”

Leia também: COLDPLAY ANUNCIA NOVO ÁLBUM E DISCOS DE VINIL FEITOS COM GARRAFAS DE PLÁSTICO.