Frances Bean Cobain, filha única de Kurt Cobain, publicou uma homenagem ao pai em suas redes sociais. A morte do líder do Nirvana completa 30 anos hoje (5). Suicídio foi a causa do falecimento.

No texto, a filha de Kurt com Courtney Love (cantora e guitarrista do Hole) reflete sobre como sua noção de perda mudou com o passar do tempo. A jovem, atualmente com 31 anos de idade, perdeu o pai quando tinha somente um ano e oito meses de vida. Logo no início do texto, a artista visual e modelo declara uma grande lição sobre a morte.

Em seu relato, Frances também relembrou uma carta deixada por Kurt antes de sua morte. O músico diz, em dado trecho: “onde quer que você vá ou onde quer que eu vá, sempre estarei com você”. Segundo ela, a promessa foi cumprida.

A carta de Frances para Kurt

“Há 30 anos a vida do meu pai acabou. A segunda e a terceira fotos (do post) capturam a última vez que estivemos juntos enquanto ele ainda estava vivo. A mãe dele, Wendy, muitas vezes pressionava minhas mãos em seu rosto e dizia, com uma tristeza calmante: ‘você tem as mãos dele’. Ela as cheirava como se fosse sua única chance de segurá-lo um pouco mais perto, congelado no tempo. Espero que ela esteja segurando as mãos dele onde quer que estejam.

Nos últimos 30 anos, meus pensamentos sobre a perda estiveram em contínuo estado de metamorfose. A maior lição aprendida através do luto, desde que estou consciente, é que ele serve a um propósito. A dualidade de vida e morte, dor e alegria, yin e yang, precisam existir lado a lado, ou nada disso teria qualquer significado. É a natureza impermanente da existência humana que nos lança nas profundezas de nossas vidas mais autênticas. Acontece que não há maior motivação para se inclinar para a consciência amorosa do que saber que tudo acaba.

Eu gostaria de ter conhecido meu pai. Eu gostaria de saber a cadência de sua voz, como ele gostava de seu café ou como era ser colocada na cama depois de uma história para dormir. Sempre me perguntei se ele teria capturado girinos comigo durante os verões abafados de Washington ou se ele tinha cheiro de Camel Lights (cigarro) e nesquik de morango (seus favoritos, segundo me disseram). Mas também há uma sabedoria profunda no caminho acelerado para compreender como a vida é preciosa. Ele me deu uma lição sobre a morte que só pode acontecer por meio da experiência VIVA de perder alguém. É o dom de saber com certeza, quando amamos a nós mesmos e aos que nos rodeiam com compaixão, com abertura, com graça, mais significativo o nosso tempo aqui se torna inerentemente.

Kurt me escreveu uma carta antes de eu nascer. A última linha diz: ‘onde quer que você vá ou onde quer que eu vá, sempre estarei com você’. Ele cumpriu essa promessa porque está presente de muitas maneiras. Seja ao ouvir uma música ou através das mãos que compartilhamos, nesses momentos posso passar um tempinho com meu pai e ele se sente transcendente.

Para quem já se perguntou como seria viver ao lado das pessoas que perderam, hoje estou mantendo você em meus pensamentos. O significado da nossa dor é o mesmo.”

Confira a publicação original abaixo:

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