Sinéad O’ Connor, ícone da década de 90, faleceu aos 56 anos. A notícia foi divulgada pelo jornal The Irish Times e pelo TMZ na última quarta-feira (26). Um comunicado da família confirmou o falecimento.
“É com imensa tristeza que anunciamos o falecimento de nossa amada Sinéad. Sua família e amigos estão devastados e pedem respeito a sua privacidade nesse momento de grande dificuldade”, diz a mensagem, publicada pelo jornal inglês The Guardian.
Sinéad viveu o auge do sucesso em 1990, quando lançou seu segundo álbum, o “I Do Not Want What I Haven’t Got”. O disco trazia a versão dela para “Nothing Compares 2 U”, de Prince, que chegou ao topo das paradas mais importantes do planeta. Ouça agora:
Uma trajetória de sucesso
Sinéad O’ Connor nasceu em Dublin, Irlanda, em 1966. Vinte anos depois, ela estreou no cenário musical. A jovem cantou e colocou a letra em “Heroine”, gravada para a trilha sonora do filme “The Captive”, que foi escrita por The Edge, do U2.
Seu disco de estreia, o surpreendente “The Lion and the Cobra”, foi lançado no fim de 1987. O álbum já demonstrava a autenticidade e a maturidade da cantora, apesar da pouca idade. O LP equilibrava pop, faixas acústicas de levada folk e momentos mais experimentais.
O álbum chegou no top 30 britânico e tornou a “cantora careca” uma sensação do cenário musical alternativo, graças também ao single “Mandinka” que fez sucesso nas college radios dos Estados Unidos. Ouça para relembrar:
Sinéad tornou-se ícone mundial em 1990 com “I Do Not Want What I Haven’t Got”, seu segundo LP, e justamente com uma música que não escreveu: “Nothing Compares 2 U”, composta por Prince para a banda “protegida”: The Family.
O single chegou ao topo das paradas de todo o mundo e terminou o ano como o terceiro single mais popular do ano nos EUA e o segundo no Reino Unido. O sucesso da música impulsionou as vendas do álbum, que ganhou diversos certificados de platina mundo afora. Quem comprou o CD certamente se deparou com uma artista que tinha muito mais a oferecer do que apenas um compacto de sucesso. A cantora fechou o ano com quatro indicações ao Grammy. Na cerimônia, ela levou a estatueta de melhor performance de música alternativa.
Em 1992, a cantora deixou claro que não era só mais uma popstar. A começar pela decisão de lançar “Am I Not Your Girl?”, um disco somente de standards, entre eles, “How Insensitive”, versão para “Insensatez”, de Tom e Vinícius. Escute o álbum:
Sinéad e a sua vida marcada pela autenticidade
Sempre firme em suas convicções, em 3 de outubro de 1992, Sinéad deu o que falar no mundo inteiro. Foi quando ela, ao vivo em rede nacional, rasgou uma foto do Papa João Paulo 2º em pleno Saturday Night Live, dizendo para “lutarmos contra o verdadeiro inimigo”. Segundo a artista, o ato foi feito como forma de protesto pelos seguidos abusos de crianças cometidos e acobertados pela Igreja Católica.
Sinéad teria a real dimensão de como seu ato foi enxergado poucos dias depois, quando foi se apresentar no show em tributo pelos 50 anos de Bob Dylan no Madison Square Garden.
A artista iria cantar “I Believe In You”, justamente uma canção devocional, escrita pelo músico em sua fase cristã. Ao entrar em cena, ela foi fortemente vaiada e não conseguiu cantar. Em protesto, Sinéad entoou à capela “War”, de Bob Marley, da mesma forma que já havia feito no SNL, e deixou o palco às lágrimas.
Sinéad sofreu com o diagnóstico de depressão
O’Connor seguiu gravando ao longo da década de 90. Seus dois últimos discos lançados são verdadeiras obras-primas: “How About I Be Me (and You Be You)?” e “I’m Not Bossy, I’m the Boss”.
Em sua vida pessoal, as situações não ocorriam bem. Sinéad O’ Connor sofreu com episódios de depressão durante muito tempo.
Ela falou abertamente sobre tentativas de suicídio e diagnósticos de transtornos mentais. Seu filho Shane morreu em circunstâncias não esclarecidas em janeiro de 2022, com apenas 17 anos. Na semana seguinte à tragédia, a cantora postou uma série de mensagens no Twitter onde indicava que ia se matar, mas foi hospitalizada em seguida.
Recentemente, Sinéad voltou a ser notícia por seu trabalho. Em 2021, “Remembrings”, sua elogiada autobiografia, chegou às livrarias. No ano passado, o documentário “Nothing Compares”, focado em sua carreira entre 1987 e 1993, foi lançado e também recebeu elogios de público e críticos.
A causa de seu falecimento ainda não foi divulgada.
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