O Kiss está sendo processado pelo antigo cabeleireiro de longa data da banda, David Mathews, sob a acusação de não ter fornecido o devido apoio ao técnico de guitarra Francis Stueber – que morreu em 2021 por causa da Covid-19 durante a turnê de despedida “End of the Road”. Em documentos obtidos pelo TMZ, ele afirma que o empresário do grupo, Doc McGhee, e o vocalista e guitarrista Paul Stanley não lidaram bem com a situação.
Mattews conta que Stueber contraiu um grave caso do novo coronavírus enquanto estava em Illinois, nos Estados Unidos, em uma das paradas da tour “End of the Road”. Preocupado com o diagnóstico e isolado no hotel, o técnico de guitarra pediu ao cabeleireiro para entrar em contato com Stanley a fim de que pudesse ser levado ao hospital.
O processo aponta que após encontrar o vocalista no camarim e ressaltar o medo do profissional em relação ao seu estado de saúde, Stanley ligou para Stueber e o aconselhou a procurar ajuda médica, sob a justificativa de que a doença “não perde tempo”. No entanto, McGhee teria dito ao cabeleireiro que o técnico não queria ir ao hospital.
Então, de acordo com Mathews, o cantor e guitarrista telefonou novamente para Stueber e solicitou que ele, de fato, fosse ao médico. O empresário da banda, por sua vez, prometeu que um representante da produtora Live Nation, responsável pela turnê, o levaria até o hospital.
Segundo o relato do cabeleireiro, isso nunca aconteceu. Cerca de uma hora depois, em vez de ser encaminhado para um hospital, McGhee explicou para Mathews que Stueber estava fazendo um teste com um medidor de oxigênio, para verificar se realmente havia necessidade de procurar socorro. O responsável pela acusação avalia:
“Infelizmente, ficou evidente que o Sr. McGhee não agiu em tempo hábil. O representante da Live Nation só chegou na manhã seguinte. Quando entraram no quarto do Sr. Stueber, por volta de uma hora da manhã, ele foi encontrado morto.”
Além da alegação de negligência, David Mathews também processou o Kiss pelos seguintes motivos listados abaixo:
- Rescisão de contrato injusta – já que, em suas palavras, foi demitido após uma matéria da revista Rolling Stone da qual não teria participado sobre a negligência do grupo em relação à Covid-19;
- Falta de pagamento;
- Violação de leis trabalhistas.
A banda ainda não se pronunciou sobre o assunto.
OUTRAS DENÚNCIAS
Com a morte de Francis Stueber, três funcionários do Kiss denunciaram, em anonimato, que a banda não estaria cumprindo devidamente os protocolos determinados pelas autoridades de saúde. Um representante da equipe contou à Rolling Stone em 2021:
“Não éramos testados em nenhum dos dias de shows. E há tantas incógnitas. Será que superespalhamos isso? Nós espalhamos essa coisa de cidade em cidade? É o procedimento normal enfiar alguém em um hotel? E se alguém morrer, simplesmente dirão: ‘oh, que pena, chamem o próximo cara?’”
Outro profissional declarou que os testes de Covid realizados pela equipe eram optativos e não uma obrigatoriedade. Segundo ele, alguns membros da equipe escolhiam não fazer o teste porque caso testassem positivo, significaria que ficariam alojados de quarentena em um hotel de alguma cidade aleatória. Além disso, conforme relatado pelo roadie, quando alguém era diagnosticado com a doença, os outros não eram avisados.
O gerente de produção do Kiss, Robert Long, confirmou que os testes diários não foram implementados, mas insistiu que não os desencorajava. Em comunicado oficial, a banda também se defendeu:
“Estamos profundamente abalados pela perda de Francis. Ele foi um amigo e colega de 20 anos, não há como substituí-lo. Milhões de pessoas perderam alguém especial para este vírus horrível e nós encorajamos todos a se vacinarem. Por favor, proteja você e seus entes queridos.
Nossa turnê mundial ‘End of the Road’ atendia a todos os protocolos de segurança da Covid em vigor, seguindo as diretrizes federais, estaduais e locais. Mas esta ainda é uma pandemia global e simplesmente não há maneira infalível de viajar sem algum elemento de risco.”
KISS NO BRASIL
Neste ano, o Kiss passará novamente pelo Brasil com a turnê de despedida “End of the Road”. O quarteto mascarado se apresentará em abril, respectivamente, em Manaus (12/4), Brasília (18/4), Belo Horizonte (20/4), São Paulo (22/4, no festival Monsters of Rock) e Florianópolis (25/4).
De acordo com o empresário Doc McGhee, o show final do giro deve acontecer ainda em 2023. A banda pretende realizar a última apresentação da carreira em Nova York, Estados Unidos, onde tudo começou.
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