Mateus Bruxel / Agencia RBS

O músico David Byrne publicou ontem no seu blog pessoal (davidbyrne.com), um artigo com as impressões de sua visita a Porto Alegre na última semana. O título do texto é “Porto Alegre, uma cidade não terminada”. Um relato curioso e rico pela visão de um escocês que se mudou para os Estados Unidos com a família aos sete anos de idade – e já começa dizendo que não entendeu quando avisaram pra ele não caminhar sozinho pelas ruas por aqui, nem pra ir pro restaurante mais próximo, por conta da violência.

“Passei minha vida em Nova york, em todos os tipos de vizinhança.”, declarou Byrne.

O músico contou que foi convidado por um grupo ciclístico, o Loop, para conhecer a cidade de bicicleta. Quem fez o convite foi nosso colega e fotógrafo de Zero Hora Jefferson Botega. É impressionante a riqueza dos detalhes que Byrne observou e buscou sobre Porto Alegre. Criticou e chamou de “trágico e horrível” o caso de 2011 onde um motorista atropelou intencionalmente um grupo de ciclistas na Cidade Baixa, apesar de achar que “grupos em massa que bloqueiam tráfego nas cidades não estão ganhando simpatizantes para a causa”.

Disse que apesar dos 200 anos, Porto Alegre parece bem mais jovem. E ficou surpreso com as ciclovias: “Algumas até têm barras de proteção”. E continuou: “não estão em todos os lugares, mas aparentam ser um sistema em crescimento e parecem garantir segurança para os ciclistas”. Contou sobre a beleza do Iberê, lamentando que abra só às vezes, comentou sobre a história do Centro Administrativo Fernando Ferrari, e discorreu em detalhes sobre a novela do aeromóvel do Gasômetro, onde “um vagão, sozinho, jaz no meio de um trilho inalcançável”.

O texto de Byrne fala ainda do Guaíba, de subornos para construções em áreas proibidas, do show que classificou como “incrivelmente bom” e termina no Aeroporto Salgado Filho: “Partimos na manhã seguinte. Um terminal inacabado estava sendo demolido ao lado do nosso portão de embarque”. Byrne se refere à obra que custou mais de trinta milhões de reais à Infraero e, por ter sido paralisada pelo menos doze vezes e ter sido deixada muito tempo desprotegida das intempéries, teve de ser demolida. Seria mais caro arrumar.