Passava das 21h30 quando Chris Cornell subiu ao palco do Teatro do Bourbon Country. Básico, de camisa branca, calça jeans e tênis, ele nem esperou a campainha que anuncia o começo dos shows encerrar. Chegou simpático, charmoso e brincalhão saudando o público que lhe esperava, dizendo não se importar com os flashes das máquinas e celulares.
Logo de cara, sua voz rouca e inconfundível preencheram o grandioso teatro que não lotou (talvez pelo alto valor dos ingressos que chegavam a R$900). Tarefa não muito fácil, já que a sua única companhia eram violões, uma vitrola e equalizadores. Pra quem nunca tinha assistido uma apresentação de Cornell (como eu), nem mesmo com suas outras bandas (Soundgarden, Temple Of The Dog e Audioslave), parecia que em alguns momentos suas cordas vocais iriam arrebentar, da mesma forma que acontece com as de uma viola. Mas não, seu timbre é assim mesmo. Muitas vezes rouco, estridente, mas sempre melódico e lindo. Aliás esse último adjetivo não cabe apenas ao seu talento. Próximo dos 50 anos, o músico mostrou ótima forma em quase duas horas de show, com direito a pedido de casamento de uma ouvinte empolgada na plateia. Mas como o cara é casado, não aceitou.
O setlist foi impulsionado pelo romantismo pesado de músicas como All Night Things, When I’m Down, Call Me a Dog, I Am the Highway, Doesn’t Remind Me, além de pedidos do público que berrava (até demais) ao final de cada canção. E que sim, foram atendidos na maioria das vezes. Um dos momentos marcantes foi quando cantou sua versão de Hotel California do Eagles. Quem estava lá, aprovou.
Chris Cornell foi carismático e falante durante todo o show em Porto Alegre. Porém, a intimidade criada durante a apresentação ficou meio perdida quando ao final ele saiu do palco sem ao menos se despedir, deixando apenas um som de fundo. Esperamos ele voltar. E esperamos mais um pouco. Mas não, Chris não voltou. Nem para nos dar um tchauzinho. Ficou meio esquisito, mas não menos bonito.
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